Quanto ao resto do que escrevi no meu outro post, continuo a afirmar que de nada vale ter armas de calibres mais pesados se os atiradores estão desmotivados, vão carregados desnecessariamente que nem mulas, não estão treinados em tiro selectivo e ao minimo contacto por fogo, limitam-se a despejar carregador atrás de carregador à zona, enquanto se enterram atrás de uma abrigo à espera do CAS ou da artilharia.
Nunca se ganhou um conflito assim, não é agora que se vai ganhar e ainda está para vir a primeira que se ganhe assim.
Quanto a isso eu acho que esse será sempre um problema em qualquer TO, cuja existência seja ditada essencialmente por razões politicas.
Os paises que tomam parte nas missões da ONU,NATO, etc. fazem-no por razões politicas ( e económicas) e isso nem sempre significa que as forças enviadas para o terreno percebam a razão de ser do conflito e se alguma vez será alcançado um resultado objectivo; limitam-se a ir porque é a sua missão.
Na maior parte dos casos, se calhar, a solução não é militar; ou pelo menos não é essencialmente militar.
No caso do Afeganistão, quantos já lá passaram, ao longo de seculos e sem sucesso?
De qualquer modo, quem ganhou até hoje, um conflito contra forças de guerrilha?
Segundo os Holandeses, apenas eles, na Guiana.
Todos os outros, ao longo da história, por diversos motivos, falharam e muitas das vezs, como sabemos, a motivação existia.
Quanto à questão de uma calibre mais pesado reter mais energia, isso é sabido, mas confirme nas tabelas de tiro e verificará que a queda do projectil é proporcional ao seu peso por isso o 5.56 tem uma trajectória mais tensa que o 7.62.
Sim, mas às curtas distãncias, pois a partir dai começa a percer velocidade e energia enquanto que o 7,62 as mantem; não esqueçamos que quanto maior o alcance, obrigatoriamente maior será o vertice da trajectória, dai ela ter que ser menos menos tensa, em comparação.
- a capacidade de penetração do projéctil é definida pela sua densidade seccional, sendo a mesma dada por uma fórmula matemática que relaciona o peso do projéctil com o calibre. o 5.56 para ter uma boa densidade seccional precisava de ter um projéctil mais pesado, logo mais comprido o que suscita o problema de não caber nos carregadores.
um exemplo de um projéctil com boa densidade seccional é o da munição 6.55x55 ou 7mm Mauser, conhecidos pela sua capacidade de penetração
Estando o peso ligado ao calibre obrigatoriamente um terá que aumentar com o outro (a não ser que se surga um metal com densidade superior menos pesado), o que não implica que a munição tenha que ser maior em comprimento, pois temos como exemplo o 7,62 da AK47.
Realmente o calibre 6,5 poderá mais uma vez ser a solução ideal para todas as distâncias e em provas dadas em várias armas de repetição ao longo das duas grandes guerras do sec. XX, com uma brutal capacidade de penetração, aliado a um excelente alcançe, mas obviamente com o senão dos canos longos.
De facto estou a ficar velho e a visão está a piorar. O pessoal jovem que aqui ( e por sinal noutros foruns tb) escreve, discute tiro para além dos 300 metros com a agilidade visual de quem vê os tomates de uma mosca a 1000 metros
:lol:
Essa fez-me lembrar uma história que ouvi há uns anos, por um veterano da guerra colonial, mas era com um macaco e não com uma mosca...
Um dia destes conto...
Esta história toda sobre a ineficacia do 5.56mm, como se o calibre fosse o principal culpado de a "tropa" não acertar no alvo, faz-me lembrar este sketch dos saudosissimos Monty Python
A questão não se prende com acertar ou não no alvo, se bem que concordo que actualmente a instrução de tiro anda muito longe do que já foi, em termos de precisão, mas aqui entram diversos factores e o primeiro é de ordem económica
A questão, como já referiram é acertar no alvo e não lhe causar os efeitos desejados, ou seja é no fundo se assim podemos dizer ( não confundindo os conceitos) permitir poder derrubante a uma munição vulnerante, o que sem sombra de duvidas o 5,56 não tem.
Toda a gente que fez tiro tem a noção de que a acuidade visual para fazer tiro de precisão ajustado sobre um combatente, acima dos 200/300m não é para qualquer um, mas para isso temos os aparelhos de pontaria opticos (assim haja dinheiro)
Também parece haver a tendência de, por causa do Afeganistão, julgar que a excepção é a regra.
O problema é quando se acerta no alvo e ele não cai.
O Afeganistão não é a regra mas é um tipo de TO que tem tendencia a multiplicar-se. além disso já no Vietname os americanos se queixavam da ineficácia do calibre, pois qualquer folhinha desviava o projéctil. o ideal é um calibre mais "pesado" mas que ainda assim permita fazer fogo automático, permita uma arma leve, permita grande capacidade e se puder ser usado em ml's melhor
Para mim, o Afeganistão é mesmo a regra.
E se nos lembrarmos, já na Somália os US Rangers tiveram esse problema.
E temos tambem o Iraque, que não havendo tantas situações de contacto, temos um força irregular insurgente.
A unica excepção terá sido a 1ª guerra do golfo, que se pode enquadrar num conflito convencional e que fruto da reacção das forças iraquianas, poucos combates teve.
O futuro não o sabemos e em caso de conflito simétrico, poderá o 5,56 desempenhar o seu papel; mas se os conflitos futuros forem contra forças irregulares e a previsão assim o indica, obrigatoriamente será necessário um calibre com outra capacidade.
É claro que a instrução de tiro, provavelmente tera que ser revista, mas não esqueçer que nos ultimos grandes conflitos regionais, pós 2ª guerra mundial, (vietname, guerra colonial, rodésia,etc.) as situações de contacto ocorriam a curtas distâncias, fruto sobretudo da natureza do terreno ( a argélia foi uma excepção) o que fez com que o tiro evoluisse para o tiro de combate em detrimento da precisão.
E quando surgiu esta necessidade, apareceram os atiradores especiais e os snipers, com missões distintas, mas com treino intensivo de tiro entre os 300/400m e os 600m).
Como já referi, aliado ao que já aqui disseram, sobre a reacção dos insurgentes, que mesmo batidos por vários disparos de 5,56 mantinham capacidade de ripostar ( isto já tinha acontecido na Somália), está o factor fundamental de conseguir reagir ao contacto com OMF instalados a 300 e 400m, armados com AK47, e ter uma arma de 5,56 que não tem capacidade para causar os efeitos desejados a essa distância (embora infelizmente a grande maioria das baixas seja provocada pelos IED).