NVF:
Leia o que escrevi a 28 de Abril neste forum, na secção Portugal:
"Não se pode enviar rapidamente em força, como dizia o outro, duas fragatas e 4 corvetas, com uns meios aéreos de apoio para lá intervir “a pedido” do governo são-tomense, ou "à francesa", impor um governo pró-português que defenda os interesses geo-estratégicos de Portugal, no seu espaço atlântico, e no seio da CPLP?
Que inclusive passe pelo estabelecimento de uma força militar permanente (uma pequena base naval) que ajude esse país a garantir a sua segurança perante o gigante nigeriano?
Afinal, para quem andou a apoiar a invasão do Iraque, parece que agora se está nas retrancas?
É que se não formos lá nós, irão os nigerianos, para ver se caçam o petróleo, e repare-se que os nigerianos foram há poucos meses visitados pelo presidente Bush.
Se tal fosse necessário, tentar congregar esforços junto de Angola para colaborar nessa intervenção, que se processaria no quadro da CPLP, e tiraria argumentos aos que logo clamariam contra o "neo-colonialismo".
Claro que em teoria não se deve defender intervenções em assuntos internos de estados soberanos, e por isso condeno a actual intervenção no Iraque.
Mas em São Tomé é diferente.
Na Guiné em 98, a acção de Portugal foi meritória no sentido de manter uma presença vigilante e de congregar esforços entre as partes no sentido de colocar as pessoas a falar umas com as outras.
Mas essa pressão só se consegue com uma força militar credível que permita que São Tomé mantenha a capacidade de soberania.
Ora se não fizermos nada, o mais provável é que a Nigéria tome conta do território, com o pretexto de impôr a "democracia", tal como a Indonésia fez com Timor em 75, quando a presença portuguesa desapareceu e os timorenses da UDT e da FRETILIN se guerreavam entre si.
Por isso, defendo que a intervenção portuguesa no quadro de concertação com os outros estados mais próximos, histórica e culturalmente de São Tomé (Angola e Brasil) pudessem participar numa força conjunta de protecção do território e assim permitisse a Portugal e à CPLP mostrar ao mundo que somos poucos e pobres, mas não somos parvos.
Relembro que no início de 2003 o primeiro-ministro de São Tomé em visita a Lisboa quase convidou o governo português a colocar lá uma força militar permanente para garantir a defesa do território perante as ameaças veladas vindas do vizinho gigante, que é a Nigéria.
E deu a entender que poderia estender esse convite aos EUA.
Simplesmente os EUA nunca tiveram grande propensão para intervir em assuntos africanos e se agora se verifica uma viragem é no sentido da África anglófona de que a Nigéria, com o seu petróleo e a sua numerosa população será um aliado preferencial.
E esta seria no fim de contas uma forma de Portugal demonstrar alguma política externa coerente com o discurso, e também coerente com o seu património histórico e cultural, em vez de se andar a dispersar pelos iraques e bósnias deste mundo.
Julgo que uma presença permanente de 1 fragata e duas corvetas (que seriam rendidas mensalmente e um destacamento da FAP através de um C-130 para rotação de forças e transporte de equipamentos) poderia marcar essa presença, sendo essa base poder ser potenciada com o concurso de meios navais brasileiros. "
Desse modo, o espaço lusófono ficaria com uma presença mais marcante no Atlântico Sul, e seria uma forma de dar algum corpo à CPLP."
Elucidativo de como Portugal e os seus governos continuam a olhar para a política externa de uma forma paroquial e pequena, não acha?
E por este andar, o governo São Tomense ainda dispensa o nosso Aviocar, e passa a operar com um ou dois aviões melhores, oferecidos pelos EUA.