Esta é uma proposta, que acreditamos seja dificilmente exequível
Pois. Diz muito bem. Não é exequível. Não só porque o país não tem dinheiro para a colocar em prática, mas também, porque a época da corrida aos armamentos já acabou.
Uma proposta, para ser discutida, tem que obedecer a um numero de quesitos. Um desses quesitos, é “ser exequível” ou seja, ser praticável. Tudo o que passe disso são apenas listas de armas, com uma lógica para a sua utilização operacional mais ou menos alinhavada.
Para dar um exemplo, era a seguinte a programação para a marinha de guerra portuguesa segundo o plano de reorganização naval de 1937, depois de Salazar ter “re-organizado” as finanças públicas.
07 Cruzadores
20 Contra-torpedeiros
11 Canhoneiras(avisos)
20 Submarinos
08 Lanchas – patrulha
02 Navios hidrográficos
04 Petroleiros de esquadra
06 Navios base (logisticos)
04 Transportes de aviõesPor aqui se vê que a megalomania, sempre existiu por estas paragens, mas que foi sempre “parada” pela inevitabilidade do orçamento.
Dos sete cruzadores, nem um viu a luz do dia
Dos vinte Contra-torpedeiros, foram fabricados cinco
Dos vinte submarinos, o numero foi reduzido para três
Podemos todos fazer grandes listas sonhadoras, mas não passam disso. Aquilo que faz sentido é olhar os numeros com racionalidade.
Caro Rui Elias (deixe-me dar-lhe as boas vindas). A realidade objectiva, é que para material, enquanto as condições não mudarem e enquanto as F.Armadas não se reorganizarem a sério, Portugal tem entre 150 e 250 milhões de euros por ano para material novo (e o número maior é dificil de atingir).
€ 250 milhões por ano, para os três ramos das forças armadas.
Um submarino custa €400 milhões, armar um batalhão de carros de combate com carros novos custa € 350 milhões no mínimo.
Uma fragata nova, custa entre € 200 e € 300 milhões. Um F-16 Block 60 custa € 40 milhões, pelo que uma esquadra de 20 (vinte) custa € 800 mihões.
O seu programa naval, assim de longe, e por alto, custa um total de 5.900 milhões de Euros, só para os meios que refere da marinha.
Nota: Os avisos que refere são o quê?
É que Aviso, é um termo francês que implica um navio armado de canhões, relativamente pouco sofisticado, a que os ingleses chamaram “Gunboat”, ou canhoneira. O conceito está ultrapassado, porque deixou de fazer sentido. Assim, os Avisos juntam-se aos NPO’s e a sua marinha, prevê um total de 31 (trinta e um) destes navios. Quase que seriam mais que os efectivos deste tipo da marinha francesa espanhola e italiana juntas.
Mas voltando á vaca fria, mesmo que este programa fosse para dez anos, isto representaria para a marinha, “apenas” €590 milhões por ano.
Eu acredito na vantagem da preferência á marinha nos gastos do estado, por isso, se considerarmos uma situação de 45% para a marinha, 30% para o exercito e 25% para a força aérea, teríamos apenas para material, um gasto de aproximadamente €1200 milhões por ano.
Portanto: Disponível: € 200 milhões – Planeado: € 1200 milhões
Ou seja, por cada seis Euros que você prevê gastar, as forças armadas têm, na melhor das hipoteses apenas um.
Proponho que nos indique, onde vai você buscar mais € 1000 milhões todos os anos, lembrando-o de que por exemplo, todo o projecto do Euro-2004, ao longo de vários anos, com construção de Estadios, custou € 800 milhões e que o estado gastou ao longo de quatro anos, € 200 milhões.
Digo isto para dar uma noção das coisas, porque muita gente, aparece logo – sem conhecer os dados e os numeros – a dizer que há dinheiro para os estadios de futebol, mas não há dinheiro para fragatas.
Todo o dinheiro disponibilizado directamente pelo Estado para o Euro-2004, não paga uma fragata MEKO das mais modernas. Todo o investimento de Portugal com o Euro 2004 mal chega para comprar dois submarinos, com a agravante de que não há retorno com o IVA, porque ninguém vem a Portugal pagar bilhetes para ver a nossa Heróica marinha de guerra.
Em 1937, os nossos almirantes também não tinham a mais pequena ideia dos custos, por isso apareceram com o plano naval referido acima.
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Os cruzadores participariam em missões de soberania, e no âmbito da NATO ou UEO, com capacidade de transporte de um ou dois helicópteros Linx, escoltados por duas fragatas.
Desculpe, mas os cruzadores (ou quando muito contra-torpedeiros) vão ser escoltados por fragatas
Veja bem. O cruzador, como lhe chama, é na essência ele sim, um navio que escolta os outros. Aquilo a que chama cruzador deve ser (acho) o navio de defesa anti-aérea. Trata-se de uma embarcação que dispõe de um sistema de combate avançado, baseado entre outros sistemas, num potente radar tri-dimensional, que lhe permite, com os seus misseis, defender os navios que o acompanham, quando estes navios não têm a protecção de um porta-aviões.
Estes navios servem para proteger unidades de grande importância estratégica, como o NavPol, que embora segundo os planos da marinha, seja um navio armado, com capacidade de se defender, sempre necessitará de defesa adicional, nomeadamente anti-submarina, mas também anti-aérea.
As missões de soberanía são efectuadas por navios mais pequenos, como os NPO’s, embora esteja de acordo com a opinião maioritaria nestes forums de que os NPO deveriam estar (alguns deles) equipados com um pouco mais que um Bofors de 40mm L/70.
Construir bases navais no Sado, sería um disparate, porque ficariam ambas as bases na peninsula de Setúbal. Era uma enorme facilidade para um potêncial inimigo. Matar dois coelhos com uma só cajadada.
A solução para esse problema existe há muito tempo e eu já a referi e trata-se de colocar uma base, de maiores ou menores dimensões nos Açores, consoante as possibilidades, para apoiar os navios da marinha no Atlântico se por alguma razão a base do Alfeite deixasse de estar operacional.
Não esquecer igualmente que quando se baseia um navio num determinado local, isso implica a existência de uma quantidade de meios e pessoas, o que implica custos adicionais com as estruturas.
Não se deve incrementar desalmadamente o numero de bases para navios de maior porte, porque isso implica custos incomportáveis.
Para as Forças Armadas que propõe, com essas bases, sería - fazendo uma estimativa por baixo – necessário um orçamento para a defesa superior a quatro mil milhoes de Euros por ano, ou seja, quase metade do que gasta a Espanha.
Qual a justificação de tal esforço, quando o país continua a ter pontes podres ?
Por mim, fico satisfeito com:
3 fragatas de uso geral.
3 contra-torpedeiros de defesa antiáerea.
3 Submarinos U-209/U-214
6 a 10 NPO (com alguns nas ilhas)
6 NPO com peça de 76mm e eventualmente Harpoon
2 NAP / Balizadores
2 Navios de apoio logístico (um deles desarmado, com maior vertente civil)
2 AOR, navio de apoio á esquadra.
10 lanchas de fiscalização
2 Navios hidrograficos
2 Navios Escola
Na minha vertente delirante, gostaría de ver um avião para o dominio Atlântico, que juntamente com os submarinos e com as fragatas, permitiriam a Portugal controlar a sua zona estratégica de defesa (SU-32 ou F-15 adaptado para missões anti-navio).
O resto, deve ser da responsabilidade da Policia Marítima / Guarda Republicana.
Esta marinha é pequena, mas sería mesmo assim tremendamente eficaz, se tivermos o dinheiro para a sustentar e comprar. E a realidade é que é possível te-la, sendo para isso no entanto necessário depurar muita coisa e muita gente na Marinha, e nos estados maiores.
Cumprimentos