Falta de psicólogos?

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Lancero

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Falta de psicólogos?
« em: Setembro 16, 2006, 03:56:44 pm »
http://www.correiodamanha.pt/noticia.as ... l=10&p=200

2006-09-16 - 00:00:00

PSP - Cinco suicídios desde Agosto do ano passado
Só dez psicólogos para 22 mil polícias

A PSP tem um Gabinete de Psicologia com apenas dez psicólogos e aberto de segunda a sexta-feira, para um universo de cerca de 22 mil polícias. Nos últimos 12 meses, o número de agentes que se suicidaram aumentou de forma preocupante. De Janeiro a Agosto de 2005 suicidaram-se dois agentes. De Agosto do ano passado até ontem, cinco agentes puseram termo à vida. O último foi Pedro Conceição, que anteontem se atirou do sexto andar de um hotel em Lisboa e que hoje é enterrado na Marinha Grande.


O apoio psicológico aos agentes da PSP ainda é diminuto às necessidades e apenas está em Lisboa, apesar dos esforços feitos pelos responsáveis da corporação. Os sindicatos de Polícia estão de acordo: deveria haver um gabinete psicológico nos Comandos Distritais, pelo menos nos de maior expressão, como Porto, Bragança, Açores ou Madeira.

Por outro lado, preconceitos para com os problemas psíquicos bem como ignorância sobre os mesmos, a obrigatoriedade dos agentes irem à consulta fardados e o facto destas serem dentro de um quartel de Polícia, em Belas, são elementos inibidores para os agentes procurarem ajuda. Uma ajuda que, para mais, tarda em chegar, dado o pouco número de vagas.

“O gabinete de apoio psicológico tem sido reforçado e há situações que se deslocam aos comandos distritais, mas a principal barreira é a das pessoas aceitarem que precisam de ajuda”, disse Jorge Soares da Associação Sindical dos Oficiais de Polícia.

“O facto de ter de ir fardado, leva a que o pessoal não esteja muito inclinado às consultas” aponta António Ramos do Sindicato dos Profissionais da PSP. Este sindicato, para colmatar as lacunas tem apoio psicológico próprio para os associados.

“Aguardamos respostas do MAI e do IGAI a um ofício que enviámos sobre o assunto, mas embora tenha aumentado o número de elementos a recorrerem ao gabinete psicológico, esta é uma preocupação não só dos sindicatos, mas do Governo e da Direcção Nacional da PSP” disse Paulo Rodrigues da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

"ANDAVA PERTURBADO E ABATIDO"

Era na Marinha Grande, na companhia da mãe e das duas irmãs, que o agente Pedro Conceição passava as folgas. A última foi na segunda-feira, dois dias antes de se suicidar, atirando-se do sexto andar de um hotel, no centro de Lisboa. “Ele andava perturbado e abatido há já algum tempo, mas nunca chegámos a perceber porquê, pois não desabafava connosco”, contou ontem ao CM uma das irmãs do agente, Anabela Conceição. Pedro Conceição era uma pessoa introvertida e pouco faladora, mas, mesmo assim, a família sabia que ele tinha uma namorada, em Lisboa, onde residia, e ultimamente o relacionamento entre eles não corria de feição.

“Eles estavam aborrecidos, mas não sei por que razão, porque o meu irmão nada contou sobre isso”, disse Anabela. A morte, inesperada e violenta, surpreendeu não só os familiares, mas também os vizinhos na Marinha Grande. “Custa a crer uma coisa destas, de tão violenta e inesperada”, contou uma vizinha. Anabela Conceição não esconde a sua tristeza pela morte do irmão: “Nunca pensámos passar por uma situação destas, sabíamos que ele não andava bem, mas nada nos levava a imaginar um desfecho destes.” O funeral de Pedro Conceição realiza-se hoje, às 15h30, na Igreja Matriz da Marinha Grande.

DADAS 2211 CONSULTAS O ANO PASSADO

O Gabinete de Psicologia da PSP deu, no ano passado, 2211 consultas, quando em 2004 não foram mais de 1700. O número tem vindo em crescendo: foram 1500 em 2003; 1400 em 2002 e cerca de 300 em 2001. Até Junho deste ano já tinham sido dadas cerca de 1250.

Em média, por ano, existem 250 novos casos. Em Março, o ministro da Administração Interna criou um grupo de trabalho para estudar o fenómeno. As consultas são na Quinta das Águas Livres (Belas), no Comando de Lisboa, na Escola de Polícia (Torres Novas) e nos Serviços Sociais da PSP (Lisboa).

O encaminhamento dos agentes faz-se através dos comandos, respectivos médicos, juntas de saúde ou por acto voluntário. As consultas são apoiadas por uma linha verde (24 horas/dia). Em urgência, desloca-se a qualquer local uma equipa de dois psicólogos. Segundo um estudo de um sub-chefe da PSP, a maior parte dos suicídios deve-se ao isolamento e ocorrem mais nos comandos de Lisboa e Setúbal.

OUTROS CASOS

PREOCUPANTE

Desde Janeiro de 2005 registaram-se nove suicídios de agentes da PSP e GNR, o que levou o MAI a criar um grupo de trabalho.

PENICHE

Um agente da PSP suicidou-se com um tiro na cabeça em Peniche, a 28 de Agosto. A família desconhece as causas do acto.

ALBUFEIRA

Um militar da GNR matou-se a tiro de pistola, num empreendimento turístico de Albufeira, a 29 de Junho. Estava colocado no Posto da Trafaria.

LISBOA

A discussão com a mulher parece estar por detrás do suicídio com um tiro na cabeça de um agente da PSP do Bairro do Padre Cruz.

GUARDA

Um militar da GNR foi encontrado morto, a 29 de Março, nas instalações do Grupo Territorial da Guarda.
Falcão-Machado/ I.J.
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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lecavo

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Re: Falta de psicólogos?
« Responder #1 em: Setembro 16, 2006, 10:17:33 pm »
Por outro lado, preconceitos para com os problemas psíquicos bem como ignorância sobre os mesmos, a obrigatoriedade dos agentes irem à consulta fardados e o facto destas serem dentro de um quartel de Polícia, em Belas, são elementos inibidores para os agentes procurarem ajuda. Uma ajuda que, para mais, tarda em chegar, dado o pouco número de vagas.


Viva!

Um tipo anda lixado da cabeça. Mas tem de ir ao gabinete do psicólogo, que fica dentro de umas instalações da polícia, com a farda de gala! Melhor seria que obrigassem o tipo a levar um grande letreiro a dizer "Hei pessoal!!! reparem bem em mim, estou maradinho da cabeça!"

Fora a brincadeira, este é mesmo um grande problema dentro das forças de segurança. É urgente criar gabinetes de psicologia em numero suficiente e que permitam manter o sigilo do doente. Os problemas psicológicos não são compreendidos nem pelos colegas nem pela hierarquia. Quando se sabe que alguém está com problemas psicológicos é imediatamente apelidado de doido, maluco, etc (tb de dissimulado, que usa esse argumento para se eximir ao serviço, etc). Sempre numa esmagadora manifestação de ignorância e incompreensão pelo problema que aquele elemento está a passar. Tudo junto, torna-se num cocktail explosivo com fins funestos para muitos.
Um abraço.

--Lecavo
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #2 em: Setembro 17, 2006, 01:13:26 pm »
E depois acontecem os problemas...
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.