Recebi esta informação:
Entretanto, mão amiga fez chegar ao mais detalhes sobre as informações que a Direcção Nacional da PSP enviou a um número limitado de esquadras, alertando os efectivos da PSP para uma operação de retaliação que vários gangues africanos estão a preparar, a fim de vingar a morte de Toninho Tchibone, que fez parte do famoso "gangue da CREL".
Diversos grupos de traficantes de droga, para quem a actual situação na Bela Vista acarreta enormes prejuízos e que não vêem com bons olhos este tipo de criminalidade violenta, fizeram chegar às autoridades dados concretos sobre reuniões de líderes de gangues africanos, nos últimos dias. Nesses encontros, ficou decidido avançar com a liquidação de um agente da autoridade por cada elemento de um gangue abatido a tiro.
A operação, segundo as indicações transmitidas às esquadras, seria desencadeada simultaneamente na zona urbana Lisboa/Setúbal e e na região do Algarve, com várias manobras de diversão, destinadas a atrair as unidades operacionais da PSP e da GNR. Uma vez dispersadas as forças policias por vários focos de agitação, grupos especiais de membros dos gangues (entre três a cinco indivíduos, bem armados e em carros roubados) seriam encarregues de escolher o alvo a abater, em zonas fora do perímetro de agitação.
As indicações que chegaram às autoridades policiais davam ainda conta de dois cenários preferenciais para a operação de retaliação: Alvor, na zona do Algarve e as localidades da Margem Sul.
A maior preocupação das autoridades, de acordo com a nossa fonte de informação, é a possibilidade de esta iniciativa ser um primeiro passo para a constituição de uma estrutura organizada que coordene as operações criminosas de rotina dos principais gangues africanos que operam no eixo Lisboa/Setúbal/Algarve.
Por outro lado, agentes do SIS, SIEDM e da DCCB têm estado no terreno, devido a indicações sobre a presença de elementos estrangeiros ligados a grupos de extrema-esquerda e a facções radicais islâmicas, que têm tentado "enquadrar" e "direccionar" as acções de protesto nos bairros degradados na sequência da morte violenta de membros dos gangues africanos, em confrontos com a polícia.
Que é agora confirmada por esta notícia:
Polícia recebe informação que gangue quer matar PSPTerceiro dia de violência no Bairro da Bela Vista. Bombas contra esquadra e carros queimadosA tensão subiu na Bela Vista com o rebentamento de duas bombas artesanais e com a informação de que os gangues querem abater um agente policial e que estará a haver contactos com a Cova da Moura. O alerta está a ser avaliado.
A segurança à volta da Esquadra da Bela Vista, em Setúbal, aumentou ontem de intensidade, na sequência de informações recolhidas pela PSP, segundo as quais gangues não identificados teriam a intenção de abater um agente, soube o JN.
A informação está ainda a ser analisada, mas começaram já a ser tomadas medidas de precaução, tanto mais que as informações davam também conta de que elementos criminosos estariam a armazenar cocktails molotv.
A agitação no bairro surgiu na sequência do funeral de Antonino, na passada quinta-feira à tarde, jovem assaltante abatido numa perseguição da GNR, em Alvor (Portimão), e ontem à tarde a tensão aumentou, depois de vários disparos e rebentamentos de bombas artesanais, vindos das traseira da Esquadra.
A informação relativa à ameaça foi recolhida na sequência dos graves confrontos registados na madrugada de ontem em que dezenas de agentes da PSP tiveram que fazer fogo com "shot gun", com balas de borracha, para abrir caminho aos bombeiros, chamados para extinguir o fogo em duas viaturas e um contentor, nos limites da Bela Vista. Aliás, fontes policiais davam conta de que os incêndios, provocados por gangues, teriam também como intenção atrair os agentes a uma armadilha.
A valorização da informação quanto à ameaça mortal a elementos da PSP não era ainda clara, mas face ao que aconteceu na noite de quinta-feira em que os cocktails molotov foram lançados directamente contra os agentes, o ataque à Esquadra da Belavista, na tarde de sábado, com tiros de caçadeira, e os confrontos na madrugada de ontem, a verdade é que a segurança foi reforçada. Com efeito, ao contrário do que tinha acontecido até ontem, em que a segurança ficava também a cargo das Esquadras de Intervenção Rápida, das Divisões, essa responsabilidade acabou por ser atribuída ao Corpo de Intervenção (CI), uma força de elite da Unidade de Polícia. O próprio CI já ali tinha feito também segurança, mas agora com um reforço do poder de fogo, uma vez que todos os homens passaram a estar equipados com pistolas-metralhadoras.
A recolha de informação pela PSP deu ainda conta de contactos estabelecidos entre gangues da Bela Vista e da Cova da Moura, aparentemente para uma coordenação de acções contra as autoridades, para reduzir o esforço policial na Belavista e criar acções de diversão.
E anteontem à noite, a segurança foi reforçada em torno do comando da Divisão da Amadora e medidas semelhantes foram tomadas nas várias esquadras da Divisão de Setúbal, no receio de que pudesse ocorrer algum ataque.
Também elementos da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão da Amadora estiveram, anteontem à noite, na Belavista, aparentemente para darem colaboração aos elementos locais, face aos contactos entre gangues.
A aparente associação parece estar ligada ao passado criminal de Antonino, jovem que chegou a estar ligado ao "Gangue da CREL" ou "Gangue da Caçadeira", tristemente famoso pelo assalto e sequestro da actriz Lídia Franco, nos anos 90. O gangue era composto por jovens da Bela Vista, da Cova da Moura e de Talaíde, em Oeiras, e o facto de Antonino ter então 14 anos salvou-o da cadeia. Mais tarde ficou ligado a crimes violentos, como o ataque a tiro a discoteca na Moita.
Estes factores que estão a ser avaliados pela PSP, face à tensão crescente na zona. A meio da tarde de ontem, elementos do Corpo de Intervenção fizeram buscas nas traseiras da esquadra, progredindo cuidadosamente casa a casa, fortemente armados, após terem sido ouvidos tiros e rebentamentos.
Jornal de Notícias