Saudações guerreiras
Mesmo Salazar, não tem ainda uma posição clara.
Eu creio que provavelmente acabará por ficar um bocado numa situação como a do Marquês de Pombal, ou seja, um déspota esclarecido, embora eu ache que não foi exactamente esclarecido.
Para mim são duas personalidades totalmente distintas. Podem coincidir em muita coisa, mas poderão passar de pormenores secundários. É lógico que no principal, o Despotismo, aí foram iguais - se é que se pode falar ou analisar esta igualdade, mas para não complicar admitamos que sim. Agora no esclarecido, aí já tenho as minhas mais que legitimas dúvidas.
No entanto, comparando os dois para aquilo que um e outro fizeram em diferentes períodos, o ti Sebastião leva um grande avanço. Se bem que se sabe que o despotismo em essência está errado, pode-se, porém, aceitar como sendo uma forma de governação aceitável e legítima naquele tempo.
Hoje e já em pleno séc XX esse e “qualquer outro tipo” de despotismo já não será aceitável, porque há outros conceitos que evoluíram e que sobrepuseram, em essência, ao mais esclarecido dos esclarecidos déspotas, e esse foi a forma de olhar o ser humano, no fundo o respeito pela sua liberdade como base para o seu próprio desenvolvimento. O olhar para o ser humano não como propriedade, mas na perspectiva mais humanista e mais fiel àquilo que ele deve tender, o ser em evolução.
O Marquês de Pombal teve a ousadia de introduzir reformas para a modernização do estado. Uma reforma estruturante, urgente e necessária, embora polémica, foi a do ensino, optando pela expulsão dos jesuítas que eram os que dominavam os estudos universitários (em Coimbra, a única universidade no país desde o séc. XVI - depois de ser definitivamente transferida por D. João III, vinda de Lisboa - até aos princípios do séc. XX, se não me falha a memória).
Aí o Esclarecido assentou que nem uma luva, pois o saber aristotélico já mesmo muito tempo antes do renascimento, havia sido posto em causa, por assentar em princípios errados e só aí. Se não me falha a memória foi também ao Marquês que se atribuiu a iniciativa das bases para a industrialização do país. Portanto, compare só estes dois “pequenos pormenores” e transporte-os para a actualidade. Veja o que Salazar fez (e não fez) nestes dois campos. Veja o impacto que tem isso em qualquer sociedade a partir da revolução industrial? Salazar tinha obrigação de fazer mais e melhor em tudo. Não o fez porque era um déspota, mas retrógrado, esclarecido nunca.
Quanto ao D. João II estamos de acordo. No entanto, recuo um pouco mais no tempo e julgo que o título poderá assentar bem, também a um colectivo, curiosamente e muito sábia e justamente transformada numa pessoa, a
Ínclita Geração.
No meio de tanta gente ilustre talvez seja mais fácil, votar naqueles que menos gostamos.
Cumprimentos