Necessidade de APC para conflitos de baixa intensidade

  • 7 Respostas
  • 6606 Visualizações
*

fgomes

  • Perito
  • **
  • 475
  • +0/-0
Necessidade de APC para conflitos de baixa intensidade
« em: Julho 06, 2004, 09:54:38 pm »
Já foram abordadas neste forum as deficiências dos Humvees, no conflito do Iraque. Também os israelitas desenvolveram o Wolf e parecem interessados na aquisição do Dingo, devido à insuficiente mobilidade dos M-113. Parece haver necessidade de veículos mais baratos, mais móveis que o Stryker, mas que protejam os soldados de minas, RPG's e outros dispositivos mais ou menos improvisados mas que se têm mostrado letais no Iraque e Afeganistão.

No link seguinte são feitas várias propostas:

http://www.defense-update.com/

Curiosamente aqui é ignorada a experiência sul-africana.

Também no Canadá se pensa neste assunto, neste caso recorrendo às experiências sul-africana e australiana.

http://www.sfu.ca/casr/mp-mrv.htm

E em Portugal, não se deveria pensar em adquirir veículos deste tipo, para complementar a aquisição de veículos blindados sobre rodas ?
 

*

JNSA

  • Analista
  • ***
  • 833
  • +1/-2
(sem assunto)
« Responder #1 em: Julho 06, 2004, 10:26:06 pm »
O grande problema aqui são as modas e as diferentes e erradas percepções quanto às filosofias de emprego...

O Dingo, por exemplo, não é protegido contra RPG's... Aliás, a única vantagem que tem sobre o Humvee é a maior protecção contra minas. De resto, é um alvo bem maior.

Para mim, em operações de manutenção de paz, blindados ligeiros como o Dingo, os Humvee, e tantos outros, servem bem. Mas não se espere que eles aguentem o mesmo que um Bradley quando as coisas ficam feias... :?

Os israelitas, por exemplo, não vão entrar nos campos de refugiados palestinianos com os Dingo em vez dos M113, antes pelo contrário - a tendência é aumentar o uso dos Achzarit, e fala-se cada vez mais em converter versões iniciais dos Merkava em APC...

No Iraque os principais inimigos dos veículos têm sido os RPG-7 e explosivos improvisados, como obuses de 152mm. Só um Bradley ou um Abrams é que aguentam com segurança algo como isto.

Não se podem fazer omeletes sem partir ovos - se querem proteger os soldados contra estes armamentos, têm que usar veículos com blindagem pesada... O que quer dizer que muitas vezes uma plataforma de rodas é desadequada, excepto se estivermos a falar de zonas asfaltadas, ou terreno desértico.

Para mim, cada tipo de força tem o seu emprego próprio, e não é um Dingo que vai substituir um M113, lá por ter maior mobilidade (o que é discutível).

Vejam por exemplo o filme "BlackHawk Down" - vão reparar que várias vezes a coluna de Humvees tem que andar às voltas por causa de barricadas; um veículo de lagartas não teria o mesmo problema.

Assim, não podem andar a pedir forças mais ligeiras e depois esperar que elas façam o mesmo que uma unidade mecanizada.

Nas Forças Armadas Portuguesas deve perceber-se isto para evitar entrar em modas que fazem mais mal do que bem:
- a BMI deve ter IFV's de lagartas e MBT's
- a BLI deve ter APC's e veículos de apoio de rodas
- devem estar ainda disponíveis veículos de rodas blindados, mais ligeiros, para serem usados pelas unidades enviadas para missões de manutenção de paz de baixa intensidade (ex: Kosovo); aqui sim o Dingo seria uma boa escolha

Não se deve entrar nem no extremo dos apologistas das forças ligeiras, nem nos seguidores do Mike Sparks, que só vêem o M113. Cada tipo de veículo tem a sua missão - se eles falham é porque os comandos os enviaram para as missões erradas.
 

*

Spectral

  • Investigador
  • *****
  • 1437
  • +4/-1
(sem assunto)
« Responder #2 em: Julho 07, 2004, 01:52:55 pm »
Citar
Não se deve entrar nem no extremo dos apologistas das forças ligeiras, nem nos seguidores do Mike Sparks, que só vêem o M113. Cada tipo de veículo tem a sua missão - se eles falham é porque os comandos os enviaram para as missões erradas.


Ahhh, finalmente de acordo ! :D

Concordo com tudo, mas só oqueria referir que a experiência da Somália não foi tão catastrófica como isso para os HUMMVEE. Muitos dos RPGs que os atingiram não chegaram a detonar. Se isso tivesse acontecido, então as baixas sofridas poderiam ter sido ainda maiores...
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

*

fgomes

  • Perito
  • **
  • 475
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #3 em: Julho 07, 2004, 09:34:28 pm »
Também acho que se devem utilizar os veículos adequados a cada missão. No caso português não vi ainda nenhum interesse na aquisição de APC mais ligeiros para missões de paz que complementem meios mais "pesados".
Entretanto os americanos estão a reavaliar a utilização de carros de combate e IFV em combate urbano. O carro de combate e o IFV de lagartas, chegaram a ser considerados em vias de extinção, mas estão a provar o seu valor na guerra urbana. Mais uma razão para não dar ouvidos a "especialistas" que acham que Portugal não necessita de carros de combate e de IFV de lagartas.
Vejam o que se vai discutindo na América:
http://www.nationaldefensemagazine.org/index.cfm
 

*

Spectral

  • Investigador
  • *****
  • 1437
  • +4/-1
(sem assunto)
« Responder #4 em: Julho 07, 2004, 09:57:08 pm »
Eu também gosto do Dingo, mas acho que já vi um preço de 500,000€

Que barbaridade! :roll:  :roll:
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

*

Ricardo Nunes

  • Investigador
  • *****
  • 1256
  • Recebeu: 4 vez(es)
  • Enviou: 5 vez(es)
  • +3/-0
    • http://www.falcoes.net/9gs
(sem assunto)
« Responder #5 em: Julho 07, 2004, 11:50:59 pm »
Dingos para Israel. Stryker cancelado.

Citar
According to JDW, the IDF has abandoned the plans to buy at least 200 Strykers for two infantry brigades. The purchase was strongly supported by Maj Gen Yiftah Ron-Tal, but the newly revised Kela 2008 five-year plan by the IDF General Staff deletes it from the purchase list.
The General Staff concludes that the Stryker is "a controversial platform" that lacks the protection level sought by the IDF. The GS also said that to make it suitable for the urban warfare the IDF is experiencing, the Stryker would require considerable amounts of additional armour.

Instead the Ground Forces Command received funds to develop a new heavy APC, based either on decomissioned Merkava 1 and 2 or newly produced Merkava 4 chassis. The HAPC has been given the name Nemerah, meaning Tigress.

The IDF will also consider upgrading more M113 APCs in addition to the 50 allready ordered. The purchase of more than 100 KMW Dingo 2 4x4 has also been approved. The Dingo will be produced by Textron M&L S in the USA.

An artist's impression of the Nemerah/Tigress HAPC by the Israeli MoD is also showed in the JDW. The impression shows a HAPC based on a taller Merkava hull, almost like the Merkava ARRV, with two 7.62mm MG mounted on the commanders and gunners hatch and a single OWS immediately behind these. Brig Gen Nir Amir, Israeli MoD tank programme manager, is quoted on saying that "the IDF took the decision a few weeks ago to develop the Tigress. Currently, one prototype is being built using a Merkava 1 chassis that has been withdrawn from service. This will be completed in a few months." Nir Amir also said that "compared to the Achzarit APC, the Tigress will have better protection, more room in the rear and a larger rear door."
Ricardo Nunes
www.forum9gs.net
 

*

JNSA

  • Analista
  • ***
  • 833
  • +1/-2
(sem assunto)
« Responder #6 em: Julho 08, 2004, 12:01:32 am »
Estão a ver, exactamente o que eu tinha dito... 8)

Os israelitas perceberam que para guerra urbana são precisos blindados pesados... E o Dingo não vai substituir os M113, que até vão receber mais upgrades.
 

*

Spectral

  • Investigador
  • *****
  • 1437
  • +4/-1
(sem assunto)
« Responder #7 em: Julho 08, 2004, 08:08:41 pm »
O Stryker não fazia o menor sentido para as características de Israel.
Esse negócio sempre me pareceu mais uma tentativa das empresas americanas de cobrarem mais algum dinheiro ao governo americano...
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman