"Pelo que percebi a "lavagem" ao cérebro naquela altura era algo do género, o meu grupo de combate (pelotão) tem que ser o melhor da companhia, a minha companhia tem que ser a melhor do Batalhão, os pára-quedistas tem que ser os melhores de todos!!!
Por ai vê-se que quando alguma patrulha PA pedia identificação aos pára-quedistas e se tivessem com os copos eles era logo "Nós somos os melhores e tal se me chateias mais levas", e ao que parece levavam mesmo (ouve tristes cenas dessas nas colonias entre Pára-quedistas, Comandos, Fuzileiros que chegaram a provocar mortes penso talvez por causa dessa obcessão pela unidade que se pertence que até ultrapassava o sentido de que são todos portugueses). "
Boa tarde a todos!
Estive a ler este tópico e tem muito fundo de verdade, mas nem tudo é tão linear como isso e passo a explicar.
Fui PA nos anos de 1984/1986 e nesses dois anos nunca tive conflitos com Páraquedistas, antes pelo contrário.
É certo que essas rivalidades se cultivavam na recruta e curso e não exagero se disser que era nos dois lados, mas o Homem também tem cérebro e se quiser pode questionar certos princípios estabelecidos.
Tive que intervir nalgumas rondas e nunca foi preciso andar à tareia. Se andasse não sei se levava ou dava, mas numa situação de conflito, raras são as vezes que ninguém levou, mesmo dando, ou vice versa.
Conheci uns Páraquedistas na Ota em 1985 ( estavam a tirar um curso de comunicações e com eles convivi e bem (petiscos, bjecas, idas ao cinema...) e nunca lutámos. Porquê? Porque quando se é adulto, mesmo de tenra idade e quando se chega à conclusão que cada um tem a sua especialidade e deveres a cumprir de forma matura, os conflitos são evitados.
Ainda hoje os vejo como Camaradas, apesar de estarem no Exército.
Só por curiosidade, era eu ainda recruta na BA3 e estava com uns camaradas do curso da PA no combóio e andámos a aturar uns moços do exército ( em muito maior número que nós) a chamar nomes à malta, tipo: maçarico, rec, animal sem rumo, 40ºabaixo de cão e mais uma data de mimos. Comecei a ficar farto daquilo e pelo caminho vi uns bois a pastar e virei-me para um dos do exército e perguntei-lhe:
-Epá...sabes o que é aquilo? -apontando para os bois a pastar.
-Não! -disse ele.
-É o exército em manobras!- disse eu.
Aquilo ficou danado; eles eram mais que nós e quem nos safou foi uma malta dos Páras que vieram em nosso socorro.
Um dos Páras só me perguntou que especialidade estava a tirar e o que tinha acontecido e a rir pela minha resposta disse-me:
-Ó maçarico, essa foi fixe!...Agora chega para lá que isto é só para os homens!
Ás duas por três, era malta dos páras e malta da Pa a lutar juntos, sem olharem à cor das boinas.
Claro que isso fez-me pensar se havia necessidade de ter conflitos por causa de uma especialidade/boina.
Ainda hoje me dou com eles e digo-vos: São uns Camaradas 5*.
Eu respeito-os e eles respeitam-me. Conflitos? Porquê?
Naaaaaaaaaa