Procurador norte-americano admite investigar torturas do tempo de Bush, contra vontade de ObamaO Procurador-geral norte-americano, Eric Holder, admite mandar investigar práticas de tortura nos interrogatórios no tempo de George W. Bush, apesar do pedido de Barack Obama para enterrar o passado, revelou fonte governamental à
AP.
Holder tenciona tomar dentro de semanas a decisão final de nomear ou não um procurador criminal para aquela investigação, revelou a fonte, que solicitou o anonimato.
O porta-voz do Departamento de Justiça, Matt Miller, limitou-se a referir que Eric Holder tenciona "seguir os factos e aplicar a lei".
"Não tomámos qualquer decisão sobre investigações ou acusações, nem sequer sobre a nomeação de um procurador para o efeito", disse. "Como o 'Attorney General' [procurador-geral com funções de ministro da Justiça] tornou claro, seria desleal acusar qualquer funcionário que tenha agido de boa-fé com base em orientação legal do Departamento de Justiça."
Em causa estão os controversos métodos de interrogatório a suspeitos de terrorismo realizados durante a administração Bush, considerados tortura na maioria dos países mas que, nos Estados Unidos, foram sustentados por não menos controversos pareceres jurídicos do Departamento de Justiça.
A nomeação de um procurador para iniciar as investigações nesta matéria irá por certo acidular as relações entre os dois partidos no Congresso, uma situação que o Presidente Barack Obama deseja evitar a todo o custo para não fazer perigar a aprovação dos seus projectos para a generalização dos cuidados de saúde e da reforma energética.
Nesse sentido, Obama propôs "olhar para a frente e não para trás" no que diz respeito a eventuais abusos na era Bush.
Holder está ciente - refere a revista
Newsweek - das implicações político-partidárias da sua decisão sobre esta matéria, mas o "Attorney General" ficou preocupado com as recentes informações sobre o tratamento de prisioneiros pela CIA em "sítios negros".
"Espero que, qualquer que seja a decisão que venha a tomar, ela não tenha impactp negativo na agendo do Presidente", disse Holder. "Mas isso não pode fazer parte da minha decisão."
Ionline