Com que entao os juros iam descer...
04-11-2010 09:40 -
Juros da dívida aceleram e superam fasquia dos 6,4%
Os juros da dívida de Portugal continuam a agravar-se. Sobem pela oitava sessão consecutiva, acima dos 6,4%, acompanhando a escalada da taxa das obrigações de dívida pública da Irlanda num dia em que também as “bunds” estão em alta, perante o maior apetite dos investidores pelo risco.
A taxa exigida pelos investidores para financiarem a dívida nacional está já nos 6,423%, a subir 12,6 pontos base. Está mesmo no nível mais elevado desde 29 de Setembro, aproximando-se do nível mais elevado de sempre que foi fixado em 28 de Setembro, acima dos 6,6%.
Este recorde forçou o Governo a apresentar novas medidas de austeridade no dia seguinte, propondo uma nova subida do IVA para 23%, e cortes médios nos salários da Função Pública de 5%. Estas medidas foram integradas na proposta de Orçamento do Estado para 2011, ontem aprovado na generalidade pela Assembleia da República com a abstenção do PSD.
“Ainda que tenha havido acordo para a aprovação do Orçamento, os mercados sabem que o consenso político não vai durar para sempre, o que obriga a alguma cautela”, disse Michael Leister, especialista do mercado de dívida do West LB, ao Negócios. Acrescentou que Portugal “está refém dos problemas na Irlanda”.
Os juros da dívida nacional sobem, mas menos do que os da Irlanda, que hoje viu a taxa das obrigações a 10 anos a superar os 7,6%. Regista-se uma subida de 15,7 pontos base, que acentua o diferencial entre os juros do País face à Alemanha. Também o “spread” de Portugal sobe, para 397 pontos base.
Hoje, num dia de fortes ganhos nas bolsas depois da Fed ter anunciado novas medidas de estímulo à economia dos EUA, os investidores mostram maior apetite pelo risco, o que leva a que também as “bunds” alemãs estejam a subir. A taxa exigida à maior economia da Europa está agora nos 2,452%.
A Alemanha é responsável, em grande parte, pelo agravamento dos juros da dívida dos países da chamada "periferia" da Zona Euro, já que o país pretende que os investidores assumam perdas na dívida de países que recorram ao fundo de estabilização da UE, caso este assuma carácter permanente a partir de 2013.
Jornal de Negócios - Paulo Moutinho