Manutenção de tropas na Bósnia....Interrogação?

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antoninho

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Manutenção de tropas na Bósnia....Interrogação?
« em: Agosto 16, 2006, 02:31:00 pm »
Manutenção de tropas na Bósnia será decidida até final do ano
Um padeiro sérvio adepto do Futebol Clube do Porto  pedro vilela / mdn
 
Portugal tem neste momento na Bósnia um batalhão com 170 militares do Exército


Carlos Varela, em Doboj, Bósnia

Ochefe de Estado-Maior do Exército, general Valença Pinto, admitiu que a decisão de saída de tropas portuguesas da Bósnia possa vir a ser equacionada, mas salientou que a possibilidade desse movimento vir a ocorrer não pode ser precipitada para não comprometer o processo de paz na região.

As palavras de Valença Pinto foram proferidas em Doboj, no norte da Bósnia, acompanhando a visita que o ministro da Defesa, Severiano Teixeira, concluiu ontem às forças portuguesas destacadas nos Balcãs. Questionado pelos jornalistas sobre a presença portuguesa na Bósnia, o ministro da Defesa associou a situação às eleições que se vão realizar em Outubro. "Será tomada uma decisão até ao final do ano", referiu Severiano Teixeira, que prestou homenagem aos militares portugueses que morreram na em serviço na Bósnia, um total de cinco, um deles no quartel de Doboj, em 2004.

Para já, as hipóteses estão todas em aberto, uma vez que a presença militar estrangeira de apoio à paz na Bósnia está dependente não tanto dos resultados eleitorais de um ou outro partido, mas sim da instabilidade que possa vir a ser gerada antes ou depois das eleições.

O chefe do Estado-Maior do Exército - que tem assumido a constituição da quase totalidade das forças destacadas na Bósnia desde 1996 - frisou, por seu turno, à Comunicação Social que a "decisão de saída ou não de forças não pode ser precipitada para não comprometer todo o bom trabalho que tem a ser desenvolvido na região", pormenorizando que estará tudo decidido em 2007.

Valença Pinto aproveitou para estabelecer uma comparação com a situação no Kosovo onde também estão empenhadas forças, mas onde falta dar os primeiros passos políticos internacionais para definir o estatuto da região, o que deverá acontecer até final do ano, e em que a presença militar multinacional não está em causa, ao contrário do que acontece na Bósnia.

Para já, em Doboj está estacionado um batalhão com 170 homens, levantado pelo Regimento de Infantaria de Vila Real, da Brigada de Intervenção - constituída por unidades do Norte e Centro do país -, e englobado na MTF (força tarefa multinacional norte), com mandado da União Europeia. A força, sob o comando do tenente-coronel Joaquim Sabino, chegou à Bósnia em Julho e terá a missão concluída em Janeiro do próximo ano. Apesar de estacionada em Doboj, uma área de influência sérvia, tem também homens destacados junto de outros agregados populacionais, no sentido de recolha de informação e teste às sensibilidades da população.

A estabilidade parece ser uma certeza, mas várias fontes apontam a fragilidade do controlo fronteiriço, em particular no norte, como um dos pontos sensíveis, tendo em conta as redes criminosas ligadas ao tráfico de armas e de droga.

No entanto, não é apenas esse o risco na Bósnia. Segundo o tenente-coronel Sabino, "há ainda 700 mil minas por desactivar", uma herança da guerra, que acabou em 96 pela intervenção de força da OTAN.


Dalibor Bozic

Padeiro



A manutenção ou não das forças portuguesas e multinacionais na Bósnia está igualmente a preocupar as populações locais, sejam elas de que etnia forem. O sérvio Dalibor Bozic, padeiro no destacamento português, é um dos homens que não esconde a sua preocupação. "Se os portugueses partirem não sei o que vai ser da minha família". Com apenas 27 anos, mas a falta de trabalho como electricista fê-lo agarrar-se à actividade de padeiro junto das forças multinacionais, onde começou em 2000 com as tropas dinamarquesas. Em 2004, os portugueses chegaram a Doboj, vindos de Vitcovic, e manteve-se na sua função. Agora tem medo "A minha mulher, que tem 28 anos, não trabalha e tenho um filho de dois anos. Não sei o que vai acontecer". Mas há um outro aspecto que Dalibor salienta testemunho de uma enorme ligação aos portugueses: "Sou adepto do Porto, além do Partisan de Belgrado", diz, o riso de alegria rompendo agora a preocupação escondida pela memória da equipa azul e branca portuguesa. O porquê é muito simples, "é uma grande equipa, com grandes profissionais" e desenrola os nomes de toda a equipa frisando que tem em casa várias recordações relativas ao FC Porto e ao futebol português e na sua ideia o filho, o Daniel, de dois anos, "há-de ser um dia jogador do Porto. Até já lhe escolhi um nome para jogador, vai ser o Dani".



Mas esta ligação a Portugal e respectiva preocupação pelo receio de saída das forças é também extensível aos muçulmanos, os antigos rivais dos sérvios. Numa visita à povoação de Maglaj, quase um enclave muçulmano em região sérvia, onde os militares portugueses apoiam um infantário, a preocupação também se sente. Dzeraldina Delic, directora do estabelecimento que acolhe 40 crianças, acredita que o "infantário poderá fechar se os portugueses saírem da zona". É um estabelecimento municipal, mas Dzeraldina salienta que a autarquia "não tem capacidade para suportar sozinha o infantário". As preocupações passam também a este nível pelo próprio presidente da autarquia, mas num contexto mais geral e as eleições são vistas como mais um factor de incerteza. Daí que partilhe da opinião de que "mesmo que partam os contingentes militares, deve ficar sempre uma presença militar significativa".

A memória do "Minas"

Há um local no quartel de Duboj que não pode passar despercebido, um zona sombreada e fresca onde o "Minas" descansa. A fotografia inserida na placa mostra-o grande, felpudo e repousado, associado a todos o batalhões portugueses que passaram pela Bósnia. Foi "incorporado" em 1996, quando os portugueses chegaram à Bósnia, no aquartelamento de Rogatika. Os pára-quedistas, os primeiros a chegar à região, afeiçoaram-se ao animal, acabando por adoptá-lo. Quando a missão acabou na zona de Sarajevo, o "Minas" acompanhou os portugueses para Victovic e o mesmo aconteceu com a ida para Doboj. Foi ali que acabou por morrer de velhice.


MAIS UMA NOTICIA

Futuro dos militares portugueses na Bósnia condicionado pelas eleições



Patrícia Viegas*
em Doboj    
 
O futuro da participação militar portuguesa na Bósnia-Herzegovina depende do evoluir da situação no país depois das eleições gerais agendadas para dia 1 de Outubro. A garantia foi deixada pelo ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, que ontem terminou a sua visita de dois dias aos militares portugueses em serviço nos Balcãs com uma deslocação ao campo Doboj, no Norte da Bósnia, entidade da República Srpska (sérvia).

"A situação aqui é diferente da que existe no Kosovo [onde esteve na véspera] e as eleições são, de facto, um marco importante", afirmou o titular da pasta da Defesa, referindo que Portugal está disponível para avaliar "o redimensionamento da missão", tal como a União Europeia, a quem cabe desde 2004 o comando das forças destacadas aqui na Bósnia-Herzegovina (EUFOR). Mas uma redução, esclareceu, "depende da estabilidade que os resultados deste acto eleitoral venham a produzir".

Também o chefe do Estado- -Maior do Exército, general Luís Valença Pinto, se pronunciou sobre a questão, dizendo que seria "uma irresponsabilidade uma retirada precipitada, pois já fizemos um trabalho de dez anos, que não pode ser descurado". E concluiu: "Não podemos desligar qualquer decisão [portuguesa] do processo interno [da Bósnia]."

A Bósnia-Herzegovina, que depois do fim da guerra (1992-1995) ficou dividida em duas entidades políticas através dos acordos de Day- ton, a federação croato-muçulmana da Bósnia e a república sérvia da Bósnia (Srpska), vai a votos em Outubro para a eleição dos representantes nas duas câmaras do Parlamento e nos cantões Portugal tem, actualmente, 199 militares do 1.º Batalhão de Infantaria da Brigada de Intervenção na Multinational Task Force North da EUFOR, na maioria em Doboj.

O batalhão chegou aqui há menos de um mês, mas parece perfeitamente enquadrado, talvez por esta ser uma missão praticamente de mera dissuasão e estabilização, porque grande parte das responsabilidades já estão nas mãos das autoridades locais, ou por muitos dos militares, em grande parte oriundos de Vila Real, já terem larga experiência em missões internacionais.

Caso não sejam substituídos, em Janeiro que vem, estes serão os últimos militares portugueses em serviço na Bósnia.

*O DN viaja num avião da Força Aérea Portuguesa

p.s.- Tambem quero ser jornalista do dn...C 130
 

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triton

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Setembro 29, 2008, 10:55:51 pm »
Como é que está actualmente a situação na bósnia?