Durante o Governo do ex-ditador argentino Leopoldo Galtieri (1981-1982) um grupo de especialistas concebeu «em segredo» um laboratório destinado a produzir plutónio metálico e um reflector de neutrões para fabricar uma bomba atómica, noticia hoje o jornal Clarín.
A notícia avançada pelo diário resulta de uma investigação por ele levada cabo e que permitiu concluir que o projecto da ditadura argentina (1976-1983), em três etapas, cumpriu a primeira, mas logo foi travado pela resistência exercida pela Comissão Nacional de Energia Atómica (CNEA) que havia iniciado um programa pacífico.
Tratou-se do denominado «Plano Nuclear do Exército», elaborado de forma secreta entre 1980 e 1982, e que previa a instalação do «Laboratório de Processos Radioquímicos» numa parte da localidade de Ezeiza.
A concepção do plano esteve a cargo do tenente-coronel e doutor em física Ricardo Rapacioli, sob a supervisão de Galtieri, que em 1982 levou a Argentina a uma guerra contra o Reino Unido pela posse das Malvinas (Falklands).
Segundo fontes associadas ao projecto militar, os contactos entre Galtieri e Rapacioli haviam começado em 1976 com o objectivo de levar adiante o plano do Exército argentino, com três fases: «a etapa de cálculo, a de desenho e a da construção».
O plano gorou-se antes do início da guerra das Malvinas, em Abril de 1982, e o matutino assegura que as pressões sobre a Comissão Nacional de Energia Atómica para a construção de uma bomba se multiplicaram durante o conflito.
O almirante Ernesto Fitte, conhecido do ex-titular da CNEA, recordou que o então presidente da Comissão, o vice-almirante Carlos Castro Madero, «nem sequer aceitava discutir sobre a bomba».
«Durante a guerra perguntaram-lhe e ele respondeu: 'Nem pensem. Se construirmos uma, os britânicos vão atirar-nos com 10. É um disparate», resumiu o almirante.
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