Os heróis esquecidos da nossa história

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Heraklion

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« Responder #60 em: Maio 12, 2009, 12:52:56 am »
Á falra de melhor caça-se com o que há.
Andei á procura de um Tópico mais adequado, mas não o encontrei, portanto cá vai, um video do Youtube sobre Nun'Álvares que achei absolutamente genial:

http://www.youtube.com/watch?v=BVY2GNfK ... re=related

Espero sinceramente que gostem.

Com os melhores cumprimentos;
Heraklion
Nos liberi sumus;
Rex noster liber est;
Manus nostrae nos liberverunt
 

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André

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« Responder #61 em: Maio 12, 2009, 01:51:51 am »
Duarte Lopes


Em 1578, partia de Lisboa, com destino a Luanda, um português chamado Duarte Lopes, acompanhando um seu tio que seguia para África com diversas mercadorias. Os portugueses ensaiavam então uma primeira fixação definitiva nesta região, com a fundação de Luanda três anos antes, por Paulo Dias de Novais. Os contactos com o reino do Congo eram, porém, muito anteriores. Na verdade, contavam já com quase um século, desde que Diogo Cão chegara à foz do Zaire e fora bem recebido pelas tribos locais. Duarte Lopes teve ocasião de conhecer com alguma profundidade a região, efectuando diversas viagens no interior do continente que o tornaram no primeiro grande explorador europeu de África. Vamos hoje acompanhar alguns passos da sua vida, assim como a obra que nos deixou, chamada de "Relação do Reino do Congo e das terras circumvizinhas".

Conhece-se muito pouco da vida de Duarte Lopes. Sabe-se que terá nascido em Benavente em meados do século XVI, de família cristã-nova, e ignora-se a data da sua morte. Os dados da sua biografia referem-se sobretudo à sua estadia no reino Congo. Aqui viveu durante alguns anos, até 1584. Durante este tempo, Duarte Lopes viajou por diversas regiões de África, em parte graças aos favores do rei do Congo, que conseguiu captar, em parte devido à sua curiosidade e espírito aventureiro. No decorrer de tais viagens recolheu um vasto conjunto de informações, que mais tarde viriam a ser publicadas, e que constituem a primeira descrição fidedigna do interior de África. Por esta altura, os portugueses detinham um conhecimento de África que só muito mais tarde veio a ser suplantado. Todos conhecemos as viagens pioneiras de Livingstone e de Stanley, e também dos portugueses Serpa Pinto,  Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, no século XIX. Estes homens exploraram o interior de África, mas não foram os primeiros, ao contrário do que muitas vezes se julga. Já alguns portugueses, entre os quais Duarte Lopes, haviam dados os primeiros passos. A este propósito escreveu um historiador belga, no século XIX:

Comparando uma carta de África, feita no ano de 1850, antes das viagens de Barth, Livingstone e Speke, com uma carta dos fins do século XVI, depois das grandes explorações de Diogo Cão, Francisco Gouveia e Duarte Lopes, vê-se que o interior desse continente era muito menos conhecido há 30 anos do que há 300 anos”.

Em 1585, após as suas viagens, Duarte Lopes regressa à Europa. A sua posição no interior do reino do Congo era tal que é nomeado embaixador deste reino junto do agora rei de Portugal Filipe I, e também junto do Papa. O Congo era nesta altura um reino cristão, mas havia uma situação de tensão e conflito com os portugueses estabelecidos em Angola. Duarte Lopes não consegue os seus objectivos junto do rei de Portugal, e segue para Roma, onde o Papa Sisto V o recebe favoravelmente. A política do rei do Congo nesta época, de que Duarte Lopes era porta-voz, era a de obter margem de manobra e apoio que contrabalançasse o peso crescente dos portugueses de Luanda, que ameaçavam o seu poder local e o seu prestígio.

É em Roma que Duarte Lopes entra em contactado com o humanista Filippo Pigafetta, certamente interessado em obter informações acerca do continente africano, que o português parecia conhecer tão bem. Dos contactos entre as duas personagens viria o italiano a escrever uma obra, chamada de “Relação do reino do Congo e das terras circumvizinhas”, que sairia em 1591. Na verdade, não sabemos se o italiano escreveu directamente dos relatos de Duarte Lopes, nem se este acompanhou de perto a redacção do texto. Desta forma, é impossível distinguir o que proveio das informações do português do que foram os acrescentos e correcções do humanista italiano.

Mas tal não diminui o interesse da “Relação”. Nela o autor mistura descrições do Congo e das suas diversas regiões com a história do reino desde a chegada dos portugueses, onde estão patentes as diferenças com a mentalidade europeia, mas igualmente o sentimento de curiosidade e interesse pela civilização africana. Eis como Lopes e Pigafetta descrevem os habitantes da terra:

Os homens e mulheres são negros, alguns menos, tirando mais a baço, e têm os cabelos crespos e negros, alguns também vermelhos, a estatura dos homens é de mediana grandeza, e tirando-lhes a cor negra, são parecidos com os Portugueses: as pupilas dos olhos de diversas cores, negras e da cor do mar, e os lábios são grossos, como os Núbios e outros negros, e assim os seus rostos são cheios e subtis e váriados como nestas regiões, não como os negros da Núbia e da Guiné, que são disformes.”

Esta obra conheceu uma rápida expansão por toda a Europa, tendo sido traduzida pouco depois para outras línguas, o que revela o interesse que este tema despertava na época. Pigafetta fez acompanhar o texto com uma série de desenhos e ilustrações supostamente baseadas no relato de Duarte Lopes. Mas estas mostram que quem as desenhou nunca esteve em África: os habitantes parecem europeus, as cidades congolesas assemelham-se à Roma Clássica e mesmo os animais não têm correspondência com a realidade: a zebra, por exemplo, é claramente um cavalo pintado às riscas.

Noutros aspectos, provavelmente os que provêm mais directamente de Duarte Lopes, a obra revela rigor e cuidado. A descrição da capital do reino, S. Salvador do Congo (no Norte da actual Angola) e das suas diversas províncias, assim como a história do reino desde a chegada dos portugueses, é muito interessante e provavelmente fidedigna. É particularmente curiosa a forma como descreve as alterações que a conversão do rei ao Cristianismo e o contacto com os portugueses provocaram ao nível do quotidiano e do vestuário local:

Antigamente este rei e os seus cortesãos vestiam-se de panos de palma, com os quais se cobriam da cintura para baixo, apertando-os com cintos feitos da mesma matéria e de belos lavores; no ombro traziam um rabo de zebra preso a um cabo, por ser de uso antigo naquelas regiões; na cabeça tinham carapuças de cor amarela e encarnada; andavam descalços a maior parte deles. Mas depois daquele reino ser cristianizado, os grandes da corte começaram a vestir-se à moda dos portugueses, trazendo mantos, capas, tabardos de escarlata e de telas de seda; na cabeça, chapéus e barretes, nos pés, alparcas de veludo, de couro, e borzeguins à moda portuguesa. Logo que o rei se converteu ao Cristianismo, reformou também a sua corte de certo modo imitando a de Portugal, e principalmente quanto ao modo de estar à mesa. Possui baixela de ouro e de prata, com um salva para comer e beber.”

Duarte Lopes regressou novamente a Madrid, onde voltou a contactar Filipe II e a informá-lo das vantagens de intervir no Congo e de promover o relacionamento com aquele rei. Lopes pretendia provavelmente incrementar a acção evangelizadora naquela região de África, invocando para tal o interesse da Coroa Portuguesa nas possíveis riquezas, como ouro e prata, que estariam hipoteticamente por descobrir no interior do reino. Nada mais conhecemos da sua vida, nem sequer se alguma vez regressou a África. Apenas conhecemos a “Relação do Congo”, que permaneceria durante muito tempo como a mais importante descrição de um reino africano.

Carreira da Índia

 

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André

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« Responder #62 em: Maio 13, 2009, 02:16:43 am »
Não é uma personagem muito desconhecida ou esquecida para quem gosta minimamente pela História da Expansão Portuguesa, no entanto cá vai para quem não a conhece a fundo ...  :wink:


Diogo de Azambuja


É bem conhecida de todos a importância da figura do rei D. João II, o Príncipe Perfeito, no processo dos Descobrimentos. É, de facto, durante o seu reinado que se consolida a Expansão Portuguesa e se assegura a descoberta da passagem marítima para o Oceano Índico, abrindo caminho á instalação dos portugueses no Oriente. Os Descobrimentos recebem, assim, um impulso decisivo para o seu bom sucesso, definindo este rei uma série de objectivos claros a atingir. Embora a grande etapa fosse a descoberta do caminho marítimo para a Índia, D. João II pretendia também assegurar a presença portuguesa em África, garantindo a segurança das rotas marítimas e promovendo a exploração económica, nomeadamente através do comércio. Neste sentido, uma das acções mais importantes desencadeadas no seu reinado é precisamente a construção de uma fortaleza na costa africana, que se viria a chamar São Jorge da Mina. É disto que falaremos hoje, acompanhando a biografia do seu construtor, Diogo de Azambuja.

Quando D. João II sobe ao trono, em 1481, os portugueses tinham já uma longa experiência acumulada de navegação, exploração e contacto com África. D. João II, como é sabido, tinha um projecto de centralização do seu poder, através da contenção dos privilégios da grande nobreza, que aplicou nas Cortes em que foi jurado rei, em Évora. Do mesmo modo, possuía igualmente um projecto bem definido de expansão ultramarina, assente na exploração da costa africana e na descoberta da passagem para Oriente contornando o continente africano. O monarca decide avançar imediatamente com um plano global de descobrimento da costa, que levaria pouco deposi á viagem de Bartolomeu Dias e ao descobrimento da passagem para o Índico. Para já, duas medidas foram imediatamente tomadas: a primeira foi a de prosseguir o reconhecimento da costa, e para tal foi enviado Diogo Cão, que chegaria ao reino do Congo. A segunda foi a de construir, na chamada Costa do Ouro, uma fortaleza que servisse de entreposto do tráfico daquele metal, de ponto de apoio à nevegação portuguesa e de sinal inequívoco, dirigido sobretudo aos castelhanos, da exclusividade de navegação portuguesa nas águas da Guiné.

Assim, o rei prepara em 1481 uma expedição composta por nove caravelas e duas grandes naus. Levava esta armada cerca de 600 soldados e 100 pedreiros e carpinteiros, e carregava a pedra necessária para a construção da fortaleza. Após alguma hesitação, D. João II acaba por entregar o comando desta expedição a um Diogo de Azambuja, homem já dos seus cinquenta anos. Quem era esta personagem, a quem o rei confiou o sucesso de tão importante missão?

Diogo de Azambuja, não sendo propriamente um navegador, era no entanto um homem inteligente e hábil, um excelente militar e estratega, da confiança, evidentemente, do rei, e capaz de erguer no espaço de tempo mais curto possível uma fortaleza numa região ainda em grande parte desconhecida. Era cavaleiro da Casa de el-rei, tendo prestado serviço em Alcácer-Ceguer e em Aragão. Participou nas guerras com Castela, recebendo em 1480 o privilégio de fidalgo. Vemos, assim, que D. João II entrega a responsabilidade da construção da fortaleza não a um navegador, mas a um militar experiente, capaz de conduzir tal tarefa arriscada e difícil. A armada parte em Dezembro de 1481, rumando para Sul. A expedição segue até ao Golfo da Guiné, na Costa mais tarde designada Da Mina, procedendo Diogo de Azambuja ao reconhecimento da costa, de forma a encontrar o local mais favorável para a construção da fortaleza. Escolhe uma baía para desembarcar, o que faz a 19 de Janeiro de 1482, e de imediato se iniciam os trabalhos de construção. Ao cabo de 20 dias, já estava a fortaleza bem encaminhada, concluindo-se a sua construção pouco depois. Á data encontrava-se no local um navio português, que procedia ao comércio com as populações locais, mas o seu bom senso, o tacto de Diogo de Azambuja e, sobretudo, a boa recepção do rei local permitiram evitar conflitos e foram o factor decisivo para o êxito da missão.

Acabada a fortaleza, estabelecidos os contactos amigáveis com as populações locais e accionadas as trocas comerciais, Diogo de Azambuja considerou terminada a tarefa, pelo que mandou regressar a armada a Lisboa com notícia do sucesso da missão, ficando ele próprio como capitão da fortaleza com sessenta soldados. Exerceu o cargo até 1484, data em que regressou a Lisboa. A fortaleza ficou conhecida como S. Jorge da Mina, devido á devoção que o rei tinha a este santo. Assim ficou assegurada a presença portuguesa na região, sendo a fortaleza a sede de um rico tráfico de ouro, que se manteve durante algumas décadas. Eis o que disse a esse respeito um dos homens de D. João II, Duarte Pacheco Pereira:

Temos sabido que em toda a Etiópia de Guiné, depois de ser dada Criação ao Mundo, este foi o primeiro edifício que se naquela região fez, na qual casa nosso senhor acrescentou tão grandemente o comércio, que em cada um ano se tira dali por resgate, que vêm para estes reinos de Portugal, 170 mil dobras de bom ouro fino, e muito mais em alguns anos se resgatam e compram aos negros que de longas terras este ouro ali trazem, os quais são mercadores de diversas nações (…); e estes levam desta casa muitas mercadorias, assim como lambéis, que é a principal delas (…), e pano vermelho e azul, e manilhas de latão, e lenços e corais, e umas conchas vermelhas que entre eles são muito estimadas, assim como nós cá estimamos as pedras preciosas. Isso mesmo vale aqui muito o vinho branco e umas contas azuis, a que eles chamam ‘coris’, e outras muitas coisas de desvairados modos. Esta gente até agora foram gentios, e já alguns deles são feitos cristãos. (…)

Quanto a Diogo de Azambuja, não terminaram aqui os seus feitos como homem de armas. Recompensado pelo rei com o cargo de alcaide de Monsaraz, para além de outras recompensas como a nomeação para o Conselho Real, Diogo de Azambuja manteve-se porém ligado á Corte e ao serviço do rei, embora a sua idade e uma deficiência física aconselhassem já a sua retirada. E é já com mais de setenta anos que aceita uma missão que o rei D. Manuel o encarrega, em 1506: construir uma fortaleza na região de Safim, no sul de Marrocos, de forma a aí permitir a fixação portuguesa. Diogo de Azambuja não só cumpriu tal missão com êxito, como tomou a própria cidade de Safim, permanecendo como capitão da cidade até 1509, com a idade de cerca de 77 anos. Nesta data regressou a Portugal, vindo a falecer em 1518.

Carreira da Índia

 

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Granadeiro

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« Responder #63 em: Maio 13, 2009, 05:01:45 pm »
Marcelino da Mata

«Quem controlava quase toda a tropa nativa era eu .Tudo o que eu falava eles ouviam O PAIGC só tinha cerca de 2000 homens e nós tínhamos à volta de 40 000. Cada companhia que estava na Guiné era constituída por uma só etnia,por isso, cada companhia queria mostrar que era melhor do que a outra.Dizem que o PAIGC tinha uma zona libertada na Guiné, mas eu ia para onde queria, com quatro, cinco seis, sete ou oito homens.Eu tinha um corneteiro e quando chegavamos ao meio do mato eu mandava-o tocar a corneta. Só depois é que iamos para cima do PAIGC. Mandava tocar a corneta para eles verem que eu ia a caminho e que não tinha medo»

«Mas eu nunca renunciei à nacionalidade portuguesa. Houve um animal na Administração Interna que me disse «O Sr foi colonizado»Eu disse -Eu nunca fui colonizado!Os meus antepassados foram colonizados , mas eu não. EU NASCI NUMA NAÇÃO CHAMADA PORTUGAL.

Quantos milhares de pessoas de pessoas mataram depois do 25 e Abril ? Foram 7447 mortos, numero que nunca houve durante a guerra»
Marcelino da Mata, «A Guerra de África 1961/64» Circulo dos Leitores

Retirado do Blog "O Povo"
 

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TOMSK

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« Responder #64 em: Maio 13, 2009, 05:54:17 pm »
Citação de: "Granadeiro"
Marcelino da Mata




«O Militar mais condecorado de toda a história das Forças Armadas Portuguesas»

Grande Homem!
Grande Militar!
Grande Português!
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PereiraMarques

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« Responder #65 em: Maio 13, 2009, 08:05:41 pm »
Citar
Marcelino da Mata


«O Militar mais condecorado de toda a história das Forças Armadas Portuguesas»



Por feitos em combate..provavelmente...mas em termos de número total há vários generais e almirantes que o ultrapassam...

Só para dar um exemplo, no caso do actual CEMA, ALM Melo Gomes, podemos contar 24.

 

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TOMSK

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« Responder #66 em: Maio 13, 2009, 08:15:47 pm »
Distinção e feitos em combate, precisamente.

 

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legionario

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« Responder #67 em: Maio 13, 2009, 10:19:34 pm »
As medalhas que o Grande Marcelino da Mata tem nao sao certamente medalhas de secretaria nem medalhas de chocolate como tantos generais e almirantes. Para mim, foi o melhor entre os melhores da nossa Historia militar contemporanea.
« Última modificação: Maio 14, 2009, 12:41:54 pm por legionario »
 

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TOMSK

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« Responder #68 em: Maio 14, 2009, 02:00:50 am »
Exactamente.
As medalhas de Marcelino Mata foram ganhas com sangue, no ardor da guerra, e não com o cu enfiado num sofá.
 :Bajular:
 

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Nuno Calhau

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« Responder #69 em: Maio 14, 2009, 08:09:52 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
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Marcelino da Mata


«O Militar mais condecorado de toda a história das Forças Armadas Portuguesas»


Por feitos em combate..provavelmente...mas em termos de número total há vários generais e almirantes que o ultrapassam...

Só para dar um exemplo, no caso do actual CEMA, ALM Melo Gomes, podemos contar 24.




Quem é o senhor General (CEME; CEMFA; CEMA ou CEMGFA) que tem ao peito uma Cruz Guerra ganha com mérito em campanha?

Certamente me responderão o CEMFA, e muito bem!

Todos os outros são Generais de "operações de paz"...

"A talho de foice", perguntem ao Macelino o que lhe fizeram no decurso do verão quente?

Um Abraço.
 

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Granadeiro

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« Responder #70 em: Maio 15, 2009, 03:32:32 pm »
Código: [Seleccione]
A prisão do Tenente-Coronel Marcelino da Mata - (Entrevista a Marcelino da Mata)

   P: Sabe que já descrevi em livros anteriores o sucedido consigo na altura do “Verão Quente” (1975), quando estava na Amadora. No entanto julgo que ocorreu algo a seguir ao 11 de Março, e ainda não referido por desconhecimento…
    R: Foi dois ou três dias depois do 11 de Março. Estava a voltar do Hospital, onde fora a uma consulta e o Comandante do Batalhão, Major Jaime Neves, dirigiu-se a mim e disse: “Olha! Veio uma ordem para te apresentares em Caxias”. Eu sabia lá onde era isso…
    Apareceu logo um voluntário, um tenente de Artilharia, para me escoltar. Fiquei no Presídio de Caxias durante dois meses, no isolamento (cela 41).
    Ao fim desse tempo, em 18 de Maio, vieram dizer-me que estava uma viatura à minha espera para me levar para o Regimento de Comandos (tinha sido mudada a designação da Unidade e o Comandante graduado em coronel). Fui para casa. Na noite seguinte, passadas 24h00, o oficial de dia, o então Capitão Ribeiro da Fonseca, mandou o oficial de ronda, Tenente Carronda Rodrigues, ir buscar-me a casa. Mas como eu já ouvira no Rádio Clube Português, que tinha sido preso “por pertencer ao grupo fascista e terrorista ELP”, dirigi-me para o quartel.
    Á minha frente, o Ribeiro da Fonseca, telefonou para o Jaime Neves dizendo que queriam a minha entrega, com escolta, no RALIS, o que o comandante autorizou. Depois, aquele oficial de dia disse ao Carronda Rodrigues que me levasse, esperasse pelo fim do interrogatório e me trouxesse de volta. Tal não aconteceu assim. Ele entregou-me ao oficial de dia e veio embora.
    P: A tortura a que foi sujeito no RALIS já está descrita no meu último livro”25 de Novembro de 1975; os «comandos» e o Combate pela Liberdade”. Saiu em liberdade depois de estar mais cinco meses em Caxias?
    R: Sim. Fui libertado em fins de Outubro. Depois decidi ir-me embora para Espanha.
 

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Duarte

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« Responder #71 em: Maio 15, 2009, 10:07:35 pm »
Citação de: "Granadeiro"
Código: [Seleccione]
A prisão do Tenente-Coronel Marcelino da Mata - (Entrevista a Marcelino da Mata)

   P: Sabe que já descrevi em livros anteriores o sucedido consigo na altura do “Verão Quente” (1975), quando estava na Amadora. No entanto julgo que ocorreu algo a seguir ao 11 de Março, e ainda não referido por desconhecimento…
    R: Foi dois ou três dias depois do 11 de Março. Estava a voltar do Hospital, onde fora a uma consulta e o Comandante do Batalhão, Major Jaime Neves, dirigiu-se a mim e disse: “Olha! Veio uma ordem para te apresentares em Caxias”. Eu sabia lá onde era isso…
    Apareceu logo um voluntário, um tenente de Artilharia, para me escoltar. Fiquei no Presídio de Caxias durante dois meses, no isolamento (cela 41).
    Ao fim desse tempo, em 18 de Maio, vieram dizer-me que estava uma viatura à minha espera para me levar para o Regimento de Comandos (tinha sido mudada a designação da Unidade e o Comandante graduado em coronel). Fui para casa. Na noite seguinte, passadas 24h00, o oficial de dia, o então Capitão Ribeiro da Fonseca, mandou o oficial de ronda, Tenente Carronda Rodrigues, ir buscar-me a casa. Mas como eu já ouvira no Rádio Clube Português, que tinha sido preso “por pertencer ao grupo fascista e terrorista ELP”, dirigi-me para o quartel.
    Á minha frente, o Ribeiro da Fonseca, telefonou para o Jaime Neves dizendo que queriam a minha entrega, com escolta, no RALIS, o que o comandante autorizou. Depois, aquele oficial de dia disse ao Carronda Rodrigues que me levasse, esperasse pelo fim do interrogatório e me trouxesse de volta. Tal não aconteceu assim. Ele entregou-me ao oficial de dia e veio embora.
    P: A tortura a que foi sujeito no RALIS já está descrita no meu último livro”25 de Novembro de 1975; os «comandos» e o Combate pela Liberdade”. Saiu em liberdade depois de estar mais cinco meses em Caxias?
    R: Sim. Fui libertado em fins de Outubro. Depois decidi ir-me embora para Espanha.



E vem a velha esquerdalha caduca badalar para aqui, quando fizeram muito pior, e muito mais do que a PIDE em 40 anos, num pequeníssimo espaço de tempo.. :evil:
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

The Only Good Fascist Is a Dead Fascist
 

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TOMSK

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« Responder #72 em: Agosto 26, 2009, 09:30:13 pm »


André Furtado de Mendonça, o terror da Índia[/size]

André Furtado de Mendonça era filho de Afonso Furtado de Mendonça, comendador de Borba e de Rio Maior, e de D. Joana Pereira. Cedo, com apenas 16 anos, aquele que mais tarde viria a ser apelidado de "Grão-Capitão", se estreou nas cousas da guerra, acompanhando D. Sebastião na sua primeira jornada em África. Aos 20 partia para a Índia. Era aí que posteriormente viria a adquirir outra alcunha que o deixou célebre: "O Terror da Índia".

Em 1591, Furtado de Mendonça já tinha mostrado provas de valor. O Vice-Rei Matias de Albuquerque tratou então de o enviar a Goa com uma expedição punitiva de 20 velas contra o Rajá de Jafanapatão, que juntamente com o de Candia, havia declarado guerra contra os habitantes da ilha de Ceilão, cometendo grandes tiranias contra os que professavam a lei cristã.
Este Rajá de Jafanapatão intitulava-se "Rei dos Reis", pela sua arrogância e confiança no seu poder. Chegando à costa de Calecut, André Furtado de Mendonça encontrou três naus de Meca com numerosa guarnição de turcos, e outra bem armada de canhões e de todo o género de armas. Naquele mar navegava ao mesmo tempo o corsário Coti Muça com 14 ou 22 galés. Encontraram-se as armadas, e apesar de serem muito desiguais as nossas forças com as dos inimigos, estes ficaram completamente vencidos, sendo as galés rendidas, despojadas, e entregues ao fogo, tendo Coti Muça a fortuna de escapar, nadando...

Depois desta vitória, a esquadra de André Furtado de Mendonça aportou a Menar, encontrou outra nau inimiga, e travando-se renhido combate, que durou muitas horas, a vitória foi por fim declarada a favor dos portugueses. Faltava a empresa mais difícil, o ataque à cidade.
Apesar da dificuldade da empresa, estas eram contudo as preferidas de Furtado de Mendonça. Mais do que um bom marinheiro, André Furtado era sim um excelente cavaleiro, e mestre em guerra terrestre.
Descansaram as tropas naquela noite, e na madrugada seguinte, 27 de Janeiro do referido ano de 1591, desembarcaram as forças, e cortando todos os embaraços, seguiram valentemente até ao palácio real. O régulo indiano foi morto assim como o seu filho mais velho.
Aqui o "Grão-Capitão" demonstrou aquela célebre faceta dos grandes homens, quando o sentimento de misericórdia e humanidade substitui por uns momentos, a crueldade da guerra. Tenho o segundo filho do régulo indiano se atirado aos joelhos do capitão português, pedindo que não o matasse, este concedeu-lhe a vida, fazendo inclusive com que todos o reconhecessem como Rei, conseguindo desta forma o sossego e a tranquilidade daqueles povos. Em 1598 destroçou o pirata Cunhale, e destruiu uma fortaleza que ele erigira nas terras de Samorim de Calecut.

Em 1603 foi governador das ilhas Molucas, donde expulsou os holandeses de Amboino, e em 1605 passou a governar Malaca. Tornou-se o terror dos holandeses, que persistentes e tenazes haviam conseguido insinuar-se no Oriente, fazendo-nos concorrência ao comércio, tomando-nos um certo número de feitorias e fortalezas na costa de África, e rivalizando quase com os portugueses no domínio dos mares. Porém, quando tentaram introduzir-se na Índia e conquistar as nossas fortalezas, numerosos desastres assinalaram a sua tentativa. Não desanimaram, porém, e a fortuna afinal coroou a sua constância, mas as derrotas precederam as vitórias.

Era André Furtado governador, quando em 30 de Abril de 1606 apareceu em frente de Malaca uma esquadra holandesa de 11 navios com 1.500 homens de desembarque, comandados pelo Almirante Cornelius Matalief. A fortaleza portuguesa tinha de guarnição apenas 145 homens, porque não se esperava o ataque, mas André Furtado, costumado sempre a vencer, ousou fazer sortidas que foram tão felizes, que Matalief preferiu aos assaltos o bloqueio rigoroso. Além das forças de que dispunha, tinha a aliança de todos os régulos vizinhos de Malaca, dois dos quais, o de Jalhor e Singapura, o auxiliavam com tropas, mas a intrepidez e actividade de André Furtado, pareciam transformar em leões os soldados da pequena guarnição da fortaleza. Com este homem, renascia a velha chama dos primeiros varões ilustres que na Índia deixaram os seus nomes assinalados. Durante o extenuante cerco, André Furtado de Mendonça não retirou por uma única vez a armadura que trazia no corpo, e de noite, com ela posta nem a espada saia da sua cintura. Depois de três meses de bloqueio, Matalief, sabendo que o Vice-rei vinha em auxílio da fortaleza, desistiu do seu intento, a retirou, deixando André Furtado de Mendonça vitorioso!



A 27 de Maio de 1609 chegava a recompensa pelos seus heróicos serviços. Era designado então Governador da Índia. Foi um governo curto, de apenas três meses, mas reza a história que fez mais do que outros em muitos anos. Chamado a Portugal, deixou Goa para trás a 26 de Dezembro de 1609. Os habitantes de Goa choraram a sua partida, o que atestou a simpatia que soube conquistar.

Nunca vencido pelos homens, acabou por morrer nas águas do Atlântico já depois de dobrado o Cabo da Boa Esperança. Foi sepultado no Convento da Graça.

(Homens, Espadas e Tomates - Rainer Daehnardt
Carreira da Índia, Marinha Portuguesa, Arqnet)
 

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Vímara Peres
« Responder #73 em: Setembro 13, 2009, 03:42:13 pm »
Antes da fundação de Portugal, um cavaleiro conquistou um pedacinho de terra, juntamente com a cidade que iria dar origem ao nome da nossa nação.

Seu nome era:

Vímara Peres


Vímara Peres foi um fidalgo galego nascido em 820, finais do primeiro quartel do séc. IX.

Cristão da Reconquista, foi cavaleiro e senhor da guerra, enviado por D.Afonso III das Astúrias ao vale do rio Douro, com a incumbência de expulsar dali os mouros, da linha natural cujo domínio os asturo-leoneses consideravam fundamental para a sua defesa.

A ele se ficou a dever, entre outra coisas, o repovoamento cristâo das terras de entre Douro e Minho.

Ajudado pelos cavaleiros cristãos da regiâo, conquistou Portucale aos mouros no ano de 868.

Portucale, cidade situada nas duas margens da foz do Douro - Portus, na direita, e Cale na esquerda - viria, muito mais tarde, a tornar-se nas cidades do Porto e Gaia.

Nesse mesmo ano, de 868,  receberia Vímara Peres o título de Conde de Portucale, dando assim início a uma dinastia condal que duraria até ao ano de 1071.

O Condado de Portucale - não confundir com o Condado Portucalense, que lhe foi muito posterior - circunscrevia as terras que hoje constituem o distrito do Porto, melhor dizendo o Douro Litoral.

Entre as suas obras consta ainda a da fundação de um pequeno burgo fortificado, junto de Braga,  a que deu o nome de Vimaranis - que então significava "terras de Vimara" - e haveria de se transformar na cidade de Guimarães e berço de Portugal.

 Vímara Peres morreu no ano de 873, em Guimarães, contava apenas cinquenta e três anos de idade.

Quem passar junto da Sé do Porto pode admirar a monumental estátua que da sua imponente figura fez Barata Feyo em 1968, mil e cem anos portanto depois da libertação do burgo portucalense do jugo muçulmano.

"A Patria não caiu, a Pátria não cairá!"- Cromwell, membro do ForumDefesa
 

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Lusitano89

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Re: Os heróis esquecidos da nossa história
« Responder #74 em: Dezembro 10, 2009, 07:05:42 pm »
Brasil homenageia português «conquistador da Amazónia»



O Senado brasileiro homenageia hoje em sessão especial o militar e navegador português Pedro Teixeira, um dos principais vultos da História de Portugal e Brasil e, ao longo de quatro séculos, um herói desconhecido.

A iniciativa é do senador Aloísio Mercadante e o objectivo é resgatar a memória de Pedro Teixeira, incluindo-a no Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.

«Pedro Teixeira é um herói esquecido da historiografia brasileira e portuguesa, porque a sua epopeia foi apagada na época do domínio espanhol. Mas queremos recuperar isto», disse à Lusa Aloísio Mercadante, do Partido dos Trabalhores (PT), que subscreve o projecto-lei na origem da homenagem de hoje.

O Senado vai ainda discutir a introdução do percurso de Pedro Teixeira nos manuais escolares brasileiros para alargar o conhecimento da descoberta da Amazónia.

O Brasil deve ao navegador, nascido em São Pedro de Cantanhede, no distrito de Coimbra, mais de metade do seu actual território, destacou Mercadante.

Considerado o «conquistador da Amazónia» por ter desbravado e tomado posse de muitas terras para a Coroa Portuguesa, Pedro Teixeira é, todavia, pouco conhecido no Brasil e em Portugal.

«Penso que reavivamos aquele que na História portuguesa poderá ser um desconhecido, mas a nível da História brasileira com certeza que não o é», salientou à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, João Carlos Moura.

O autarca vai estar presente na sessão do Senado, a convite de Aloísio Mercadante, que há mês e meio esteve em Cantanhede para conhecer melhor a história do navegador.

A grande aventura começou em Outubro de 1637, quando o navegador foi escolhido como chefe da expedição que concretizaria, dois anos depois, o ambicioso plano de conquistar o Alto Amazonas, à frente de 2500 homens, em cerca de 50 canoas.

A expedição contou com a ajuda de mais de mil índios que chamavam a Pedro Teixeira 'Curiuá-Catu' ('Homem Branco Bom').

O regresso a Belém deu-se a 12 de Dezembro de 1639, após uma viagem de mais de 10 mil quilómetros, que resultou na anexação de 4,8 milhões de quilómetros quadrados para a Coroa de Portugal.

Em Fevereiro de 1640, Pedro Teixeira foi nomeado para o cargo de capitão-mor do Grão-Parã, mas morreu no ano seguinte, em Belém.

Os recursos para a recuperação da memória fragmentada de Pedro Teixeira foram garantidos pela Portugal Telecom, que também hoje divulga em Brasília, à margem da sessão especial do Senado, a criação de um prémio com o nome do navegador, para preservar a sua vida e obra.

«Ficámos fascinados com a história. Achamos que era algo que também merecia ser celebrado por nós portugueses e por isso vamos instituir um prémio», destacou Zeinal Bava.

Lusa