Em Reportagem na RTP1

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TOMKAT

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Em Reportagem na RTP1
« em: Maio 07, 2006, 05:25:38 am »
Notícia do CM

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A reportagem está de regresso à RTP 1 quatro anos após o final de ‘O Grande Repórter’. ‘Em Reportagem’ estreia dia 9 de Maio e será emitido todas as terças-feiras, logo após o ‘Telejornal’.

“A reportagem era a nossa lacuna”, disse, ontem, Luís Marinho, director de informação da RTP, durante a apresentação de ‘Em Reportagem’, que será emitida todas as terças-feiras, a partir de dia 9 de Maio. “Com este programa, a RTP fecha um arco de informação que, neste momento, mais nenhuma televisão generalista tem”, completou Marinho, referindo-se aos diferentes géneros de informação existentes no canal público: noticiário, entrevista, debate e comentário.

‘Em Reportagem’, exibido semanalmente, à terça-feira, em programas de 15 minutos, irá focar-se, segundo Luís Marinho, “em histórias marcantes, que toquem e envolvam as pessoas.” Cesário Borga, o jornalista que coordena este projecto, sublinha que os casos reportados estarão ligados “a Portugal, aos portugueses ou a casos que se identifiquem com a opinião pública portuguesa”.

Para lá de Cesário Borga, outros quatro jornalistas integram o chamado núcleo fixo deste programa: Jorge Almeida, Alberto Serra, Patrícia Pedrosa e Mafalda Gameiro.

Apesar da existência de uma equipa regular, o projecto é alargado a toda a redacção do canal público. É o caso de ‘Órfãos de Pátria’, o trabalho que marca a estreia deste formato.

'ÓRFÃOS DE PÁTRIA' NA ESTREIA
Notícia do CM

‘Órfãos de Pátria’ é o título do primeiro trabalho a ser exibido no ‘Em Reportagem’. Na peça realizada pelo jornalista António Mateus, é retratado o abandono dos comandos de origem africana que, durante a Guerra Colonial, combateram integrados no Exército Português em pleno território da Guiné-Bissau.

Abandonados pelo Estado Português no decurso da transição para a independência, todos os oficiais acabaram por ser fuzilados. Só as patentes mais baixas escaparam. No entanto, são, ainda hoje, alvo de discriminação, vivendo em situação de pobreza extrema e sem qualquer reconhecimento do País que defenderam. António Mateus explica a escolha do nome: “Eles sentem-se portugueses, o que agrava a noção de abandono pelo Estado português.”
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
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«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Luso

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« Responder #1 em: Maio 07, 2006, 10:49:43 am »
http://wwwideia.blogspot.com/

«Quem controlava quase toda a tropa nativa era eu .Tudo o que eu falava eles ouviam O PAIGC só tinha cerca de 2000 homens e nós tinhamos à volta de 40 000. Cada companhia que estava na Guiné era constituida por uma só etnia,por isso, cada companhia queria mostrar que era melhor do que a outra.Dizem que o PAIGC tinha uma zona libertada na Guiné, mas eu ia para onde queria, com quatro, cinco seis, sete ou oito homens.Eu tinha um corneteiro e quando chegavamos ao meio do mato eu mandava-o tocar a corneta. Só depois é que iamos para cima do PAIGC. Mandava tocar a corneta para eles verem que eu ia a caminho e que não tinha medo»

«Mas eu nunca renunciei à nacionalidade portuguesa. Houve um animal na Admistração Interna que me disse «O Sr foi colonizado»Eu disse -Eu nunca fui colonizado!Os meus antepassados foram colonizados , mas eu não. EU NASCI NUMA NAÇÃO CHAMADA PORTUGAL.

Quantos milhares de pessoas de pessoas mataram depois do 25 e Abril ? Foram 7447 mortos, numero que nunca houve durante a guerra»
Marcelino da Mata, «A Guerra de África 1961/64» Circulo dos Leitores

7447 mortos, assassindos, martires da Pátria todos PRETOS

Eu também Marcelino eu também nasci numa Nação chamada Portugal, e para mim continua a ser a mesma: Não reconheço os decretos que a amputaram."
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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(sem assunto)
« Responder #2 em: Maio 07, 2006, 11:32:25 pm »
Para vermos, e para nos envergonharmos colectivamente.

Não devemos ter medo de assumir responsabilidades, mesmo se individualmente não temos nada a ver com aquilo que aconteceu.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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TOMKAT

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(sem assunto)
« Responder #3 em: Maio 13, 2006, 09:01:15 am »
Um e.mail que me chegou acerca do assunto da reportagem sobre os acontecimentos na Guiné depois da independência...

".....
Soldado Arvorado 82 107 469 Abibo Jau, 1ª secção, 1º Grupo de Combate, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), Comandante: Alf Mil Op Especiais Francisco Magalhães Moreira...

O Abibo era o nosso bom gigante, um poço de energia... Era ele que transportava às costas os restos dos nossos mortos ou até os nossos feridos... Estou ainda vê-lo a levar um dos embrulhos macabros dos camaradas, tugas, da CART 2715 que foram massacrados na Op Abencerragem Candente. Quem sabe, talvez do malogrado Cunha, do meu amigo furriel Cunha...

Mas o Abibo também era o nosso torcionário: o trabalho sujo era para ele... Nós fomos embora da Guiné, repressámos a casa e dormimos, hoje, tranquilos (?), em camas com lençóis lavados... É certo que, pelo menos no nosso tempo, travámos alguns dos impulsos de morte do Abibo... Mas, que sei eu ? Ele interrogava os nossos prisioneiros (o Malan Mané, o Jomel Nanquitande, o Festa Na Lona...), e a essas cenas eu poupei-me, nunca assisti... Eu e todos (ou quase todos) nós, os milicianos, os gajos decentes da CCAÇ 12 e das outras unidades estacionadas em Bambadinca...

Imagino o pó que os gajos do PAIGC lhe tinham... O Abibo há muito que apodrece em Madina Colhido. Mas não podemos ignorar ou escamotear que o Abibo foi uma criatuar nosso, uma peça da nossa máquina de repressão... Hoje ele teria ficado livre da tropa: sofria de epilepsia e de elefantíase... Tinha ataques frequentes. Era preciso meia dúzia de homens possantes para o segurar. Um dia vi o diagnóstico da doença dele numa ficha médica, no nosso posto clínico. O seu mau génio e o seu corpo de gigante foram postos ao serviço do exército português. Nunca houve um cabrão de um miliciano (médico, alferes, furriel...) ou de um oficial do quadro do exército (civilizado) do meu país (civilizado) que dissesse: este homem é um doente, não pode ser soldado!... Eu sabia que algo estava errado no comportamento, bipolar, do Abibo Jau... Simplesmente, também eu me calei... Todos nós gostávamos do lado bom do Abibo, do bom gigante do Abibo...

José Carlos, que raio de notícia é que me trazes!... E, no entanto, não era nada que eu não temesse... Mas fizeste bem: é assim, falando - mesmo com o coração apertado - que a gente, tu e nós, o teu povo, os guineenses, os fulas, os mandingas e os demais povos da Guiné, vamos fazendo as contas com passado que nos atormenta, a todos, de uma maneira ou de outra... É assim que vamos exorcizando os nossos fantasmas, libertando-nos dos diabos da floresta...

Abibo, paz à tua alma e que a tua morte não tenha sido totalmente inútil, para que os meninos do Xime e de Madina Colhido, livres, possam hoje contar outras estórias, dos bons gigantes da floresta, expulsos os diabos que um dia os atormentaram...

(...) "O intérprete é o Abibo Jau, o bom gigante epiléptico com o seu metro e noventa e tal de altura e os seus mais de 100 quilos de peso. Não sei quem lhe descobriu o seu talento para torcionário. Pertence ao 1º Gr Comb, do Alferes Moreira. É visível o medo que o Abibo inspira ao Malan Mané. Um fula e um mandinga, frente a frente. Velhos ajustes de contas com a memória colectiva de cada grupo vêm provavelmente ao de cima.

"Fulas e mandingas já foram os donos destas terras. Cada um, no seu tempo. Teixeira Pinto vingou os aristocráticos mandingas, ao subjugar os fulas. Em contrapartida, deixou a estes os papéis subalternos, mais sujos, do aparelho de repressão administrativo-militar. Os pobres dos fulas tornam-se os maus da fita, aos olhos dos outros povos da Guiné. Aqui, pelo menos na zona leste, os mandingas e os balantas têm um ódio de estimação aos fulas. Um ódio que é recíproco. O poder sempre soube dividir (e aterrorizar) para reinar" (...).
...."


Este mesmo texto e outros sobre a guerra colonial podem ser encontrados aqui http://www.blogueforanada.blogspot.com onde a Guerra Colonial é tratada na 1ª Pessoa.
Um espaço de referência sobre o conflito na Guiné e os seus interpretes.
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