Kaúlza de Arriaga morre aos 89 anos

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dremanu

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Kaúlza de Arriaga morre aos 89 anos
« em: Fevereiro 03, 2004, 08:18:47 pm »
Morreu um grande Português, um homem que amava a sua pátria, que serviu a sua pátria com responsabilidade e coragem, e que foi um bom exemplo dos homems de qualidade que de vez em quando aparecem neste Portugal nosso.

Paz à alma do general e que deus lhe de entrada no seu reino.

Abraços
D.C.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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komet

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« Responder #1 em: Fevereiro 03, 2004, 09:30:32 pm »
Que descanse em paz junto dos nossos demais gloriosos antepassados...
"History is always written by who wins the war..."
 

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Spectral

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« Responder #2 em: Fevereiro 03, 2004, 11:14:26 pm »
Sei que não se deve dizer mal de pessoas recentemente falecidas, mas para lá de todas as possíveis qualidades pessoais do gen. Kaúlza de Arriaga, ele era um homem que defendia ideias políticas fascistas e reacionárias ( porque não ? tem que se chamar as coisas pelos nomes ), que além de serem em si reprováveis ( pelo menos para mim ) são responsáveis por imenso sofrimento e danos irreparáveis ao nosso país.

Certamente que existem nossos antepassados mais gloriosos.

Mais uma vez digo que não pretendo ofender niguém.

cumptos
« Última modificação: Fevereiro 03, 2004, 11:41:37 pm por Spectral »
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

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fgomes

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Morte do General Kaulza
« Responder #3 em: Fevereiro 03, 2004, 11:33:50 pm »
Saudações a todos os participantes no Forum Defesa.
Tirando as polémicas ideológicas, será que a perspectiva que este senhor tinha da guerra subversiva era a mais adequada à situação que existia em Moçambique na altura e aos meios que Portugal dispunha ?
 

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Spectral

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« Responder #4 em: Fevereiro 03, 2004, 11:40:38 pm »
bem vindo fgomes.

sim essa é uma questão bastante interessante e também muito polémica. Nomeadamente a famosa operação Nó Górdio.

cumptos
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JNSA

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« Responder #5 em: Fevereiro 03, 2004, 11:57:07 pm »
Sinceramente eu tenho que concordar com o Spectral e o fgomes - uma coisa é lamentar a morte de um indivíduo, outra coisa é equiparar o Gen. Kaúlza aos nossos "gloriosos antepassados".

Isto pode parecer insensível no momento da morte, mas a verdade é que ele era um fervoroso adepto de um regime fascista e autoritário/totalitário que, é bom não o esquecer, foi das piores coisas que aconteceu a este país durante toda a sua história.

Quanto às suas competências como General, deixam-me muitas dúvidas - a operação Nó Górdio é um bom exemplo de uma abordagem convencional e desajustada à guerra de guerrilha, que empregou meios excessivos para obter magros resultados. Foi o que se chamou uma "pedra no vespeiro", que levou ao alargamento da área de operações da FRELIMO para a zona de Cahora-Bassa e Tete...

Por outro lado, ainda falta esclarecer muita coisa quanto à sua responsabilidade por crimes de guerra  :?
 

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papatango

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« Responder #6 em: Fevereiro 04, 2004, 01:09:35 am »
Independentemente de questões politicas, acho que de qualquer forma há que prestar algum tipo de homenagem ao homem, mesmo que não se esteja de acordo com as ideias politicas que defendeu.
Eu seguramente que não estou de acordo com aquelas ideias, no entanto, também não nos devemos esquecer que temos que interpretar as acções das pessoas e os factos históricos, considerando o passado dessas pessoas e a realidade politica e histórica em que estão ou estiveram integradas.

Para o General em causa, a independencia de Portugal defendia-se nas então colonias. Para ele o país não se entendia sem império, sem colónias e sem ultramar.

Considerando este conceito de Portugal, as acções e posições tomadas pelo general Kaulza de Arriaga, fazem algum sentido.

Independentemente de eu achar que ele estava errado, porque Portugal é muito mais que o império, e nunca me esqueço que em Aljubarrota, soubemos mostrar a quem duvidasse, que a nação existía. E em 1385, não havia Angola, Moçambique, Brasil ou Timor. Eramos só nós, e não deixámos de ser portugueses por isso.

Se existimos é porque lutámos por esse direito.  O império decorre da nação, não é a nação que decorre do império, porque a nação antecedeu este último.



No entanto, Paz a sua alma

Cumprimentos.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #7 em: Fevereiro 04, 2004, 06:24:30 am »
Não esquecer que o general Kaúlza foi o grande impulsionador da força aérea e das tropas paraquedistas ( enquanto ocupou o cargo de secretário de estado da aeronáutica ). Devem-lhe muito estas forças.

Independentemente de questões políticas ( isto já é um cliché ): paz à sua alma.
Ricardo Nunes
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Spectral

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« Responder #8 em: Fevereiro 04, 2004, 03:14:04 pm »
Esqueci-me de referir o que o Ricardo Nunes disse sobre a sua acção quanto à FAP e aos páraquedistas. Aí a sua actuação parece ter sido francamente meritória.

Já agora, alguém pode apontar um link com informações sobre a op. Nó Górdio, nomeadamente a nível dos efectivos portugueses envolvidos?  Agradecia

cumptos
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JNSA

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« Responder #9 em: Fevereiro 04, 2004, 04:41:43 pm »
Spectral, não tenho nenhum link, mas segundo o livro "Guerra Colonial" , de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, participaram na Nó Górdio:
- 5 Companhias de Comandos
- 7 Comapnhias de Caçadores
- 4 Companhias de Artilharia
- 3 Companhias de Cavalaria
- 2 Destacamentos de fuzileiros
- 4 Companhias de Pára-quedistas
- 3 Grupos especiais
- 2 Esquadrões de Reconhecimento
- 1 Companhia de Morteiros
- 3 Batarias de Artilharia
- 2 Companhias de Engenharia

E ainda aeronaves DO-27, T-6, Fiat G-91, DC-3 e ALIII, num total de mais de 8000 homens ( cerca de 40% do dispositivo estacionado em Moçambique )

Foram mortos 67 guerrilheiros e morreram, nas NF, 22 homens, havendo 27 feridos graves, 55 feridos ligeiros e 15 viaturas destruídas ou danificadas... Não me parece grande resultado, tendo em conta os resultados imediatos e em função das forças empenhadas ( e pior ainda foi o resultado a longo prazo  :wink:

Abraços
JNSA
 

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Spectral

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« Responder #10 em: Fevereiro 05, 2004, 09:57:27 pm »
mto obrigada JNSA !  :D

Foi sempre um aspecto que me intrigou. Enquanto que tínhamos uma capacidade de apoio ao solo por aeronaves razoável ( considerando o resto dos meios do exército, até era bastante boa), mas por outro lado o uso de artilharia parece ter sido muito restrito. Tendo em conta todas as diferenças, por exemplo no Vietnam os Americanos fizeram muito uso da artilharia, colocando-a no meio da selva em "fire support bases" quer com peças helitransportadas quer autopropulsadas.

cumptos
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R.P. Feynman